Imagem: Divulgação/Pacto Global da ONU-Rede Brasil
Por – Oscar Lopes, publisher de Neo Mondo, com informações da agência de comunicação Inpress
Apenas 1 empresa das 109 pesquisadas aplica metodologia para identificar e monitorar salário digno
O Pacto Global da ONU – Rede Brasil divulgou os mais recentes avanços do Observatório 2030, uma iniciativa destinada a apoiar o setor empresarial com dados e evidências para fortalecer suas ações rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e elevar o nível de compromisso das empresas no Brasil. O programa, que inclui o projeto Monitora ODS, monitorou dados públicos empresariais relacionados à Agenda 2030 entre 2018 e 2022, focalizando nas áreas de Gênero, Clima, Água, Corrupção e Salário Digno.
Os indicadores são extraídos de empresas atuantes no Brasil, selecionadas com base em critérios específicos: (1) presença na Bolsa de Valores, (2) conformidade com os padrões do Global Reporting Initiative (GRI) e (3) adesão ao Pacto Global.
Inaugurado em 2021 e atualizado anualmente, o Observatório 2030 iniciou sua primeira fase de coleta em 2022, monitorando 82 empresas, ampliando esse número para 109 em 2023. A identificação dos indicadores é realizada por um grupo de especialistas do Conselho Consultivo do Pacto Global da ONU, da KPMG, e organizações parceiras, incluindo ONU Mulheres e Carbon Disclosure Project (CDP) para Gênero e Clima, respectivamente. Os indicadores são analisados em relação ao faturamento e ao setor das empresas.
Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU – Rede Brasil, observa que “os dados do Observatório 2030 oferecem uma perspectiva valiosa sobre o engajamento das empresas com algumas das pautas da Agenda 2030”. Ele ressalta avanços importantes, como na abordagem da Corrupção, enquanto reconhece a necessidade contínua de progresso em todos os temas, incluindo o salário digno, ainda em estágio incipiente no Brasil e globalmente.
Camila Valverde, diretora de Impacto e COO do Pacto Global da ONU – Rede Brasil, enfatiza a importância de monitorar os dados de gênero, destacando a necessidade de compreender a extensão dos desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho, em diversos setores.
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O desenvolvimento e execução do Monitora ODS são conduzidos por parceiros líderes em sustentabilidade, como a agência de comunicação Inpress, Falconi, CDP, TNC, Transparência Internacional, ONU Mulheres, Sistema B, Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Universidade de São Paulo (USP).
Principais resultados do Monitora ODS por tema:
Água
O Monitora ODS revela um baixo engajamento das empresas analisadas em relação à escassez hídrica e ao uso racional da água em sua cadeia de valor.
Clima
Apesar da urgência climática global, poucas empresas analisadas adotaram metas de redução de emissões baseadas em estudos científicos. A redução de emissões nos Escopos 1 e 2 é mais evidente do que no Escopo 3, refletindo desafios na cadeia de fornecimento.
Corrupção
Houve um aumento progressivo no treinamento de funcionários em integridade, mas a participação de terceiros nesses programas permanece baixa. A maioria das empresas possui um canal de denúncias anônimas, refletindo avanços na transparência.
Salário Digno
A aplicação de metodologias para identificar e monitorar o salário digno é limitada, e a expansão dessas práticas na cadeia de valor ainda não é comum. A transparência em relação à proporção entre o maior salário e a média dos salários dos colaboradores aumentou, mas a disparidade salarial persiste.
Gênero
Houve uma queda no percentual de mulheres colaboradoras negras e uma representatividade feminina limitada em cargos de liderança, especialmente nos setores de Saúde e Educação.
Embora haja progressos em várias áreas, o relatório destaca desafios persistentes e a necessidade de um compromisso contínuo das empresas com os ODS e a sustentabilidade em geral.