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ARTIGO
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Por – Rubens Magno*, para Neo Mondo
A Amazônia já faz parte de uma economia globalizada. A região é uma forte exportadora de mercadorias como minérios, soja, carne bovina e madeira. Para quem vive aqui, contudo, esse leque de exportações está muito abaixo do potencial da região que abriga a maior floresta tropical do planeta.
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Essa percepção é comprovada pelos números. Análise do projeto Amazônia 2030, iniciativa de pesquisadores para estimular o desenvolvimento econômico local e humano com uso sustentável dos recursos, mostrou que embora 64 produtos oriundos de extrativismo florestal não-madeireiro, sistemas agroflorestais, pesca e piscicultura tropical e hortifruticultura tropical já sejam exportados, eles geraram uma receita anual de apenas US$ 298 milhões entre 2017 e 2019. Para efeito de comparação, o mercado global desses mesmos produtos movimentou mais de US$ 176 bilhões por ano nesse período. Isso significa que as empresas da Amazônia mantiveram uma participação de apenas 0,17%.
Temos trabalhado ativamente para mudar esse cenário por meio do fomento ao empreendedorismo e vemos a conferência do clima da ONU, que será realizada em Belém em 2025, como uma grande oportunidade para isso. Precisamos pavimentar o caminho até lá – e isso vai além do preparo de Belém para receber a COP 30. Por isso, estamos atuando com parcerias. Uma delas, com o Airbnb, está capacitando novos e atuais anfitriões para receber os visitantes antes, durante e após a realização da conferência. Outra, com a Embratur e parceiros estratégicos, ajuda a promover o conhecimento da Amazônia – e o consequente encantamento com nossas belezas, riquezas naturais, tradições e produtos da biodiversidade.
Estamos aproveitando cada oportunidade para revelar ao mundo a nossa biodiversidade, além da arte, gastronomia, moda, música e saberes ancestrais. Fizemos isso em Nova York, durante a Assembleia Geral da ONU, com um espaço-conceito. Também na exposição da Casa Brasil, durante os Jogos Olímpicos de Paris. E na Semana de Moda de Milão, uma das mais badaladas do mundo, que este ano contou com a participação da estilista e modelista Val Valadares, que exibiu peças tradicionais da Ilha do Marajó, representando a “Cápsula Marajó”, projeto local de divulgação da moda autoral paraense.
Iniciativas como essas valorizam a criatividade de nossos empreendedores, mas também abrem novas frentes no comércio internacional e no turismo. E mais: atraem investidores de fundos focados no desenvolvimento econômico e sustentável da região, pois já compreendem que a defesa da Amazônia é uma pauta obrigatória no atual cenário das mudanças climáticas. Desde que Belém foi anunciada como sede da COP 30 temos visto também um crescimento constante no número de turistas no estado. No primeiro semestre de 2024, o Pará recebeu 12,68 mil visitantes estrangeiros, mais que o dobro do registrado no mesmo período de 2023.
Os potenciais turistas que visitam exposições como as de Nova York ou de Paris são importantes, mas não são o único público das instalações, que também atraem associações e operadoras de turismo, empresários, influenciadores e jornalistas internacionais. A programação nos Estados Unidos, por exemplo, teve diversas atividades de incentivo à geração de negócios, garantindo aproximações valiosas para atrair investimentos que ajudem a transformar a economia da Amazônia.
É um movimento que já está permitindo que o mundo conheça não só a floresta, mas a riqueza cultural das pessoas que nela vivem. Receber mais turistas não é positivo apenas para quem atua no ramo de hospedagem ou alimentação, pois movimenta toda a economia local. Além de dormir, comer e passear, os visitantes consomem diversos outros produtos e serviços, com destaque para a nossa economia criativa. Muitos levarão para casa itens como peças de artesanato, roupas com bordados tradicionais e delícias amazônicas. Vários empreendedores estão, inclusive, aproveitando o momento para, pela primeira vez, internacionalizar seus negócios, vendendo a “Marca Amazônia” para fora e agregando valor a produtos únicos e sustentáveis. A COP 30 deixará como legado para o Pará negócios mais fortes e competitivos e um receptivo turístico que vire referência em sustentabilidade. Isso é bom para quem vive no estado, claro, mas também é de interesse global. Quem conhece toda a exuberância da floresta de perto tem tudo para virar porta-voz de uma das mensagens mais importantes para a sobrevivência do planeta: precisamos de uma nova economia global e preservar a Amazônia e os saberes ancestrais de suas comunidades é vital para chegar lá.
*Rubens Magno é diretor-superintendente do Sebrae no Pará (Sebrae/PA).