A jornalista Eleni Gritzapis e o convidado Carlos Pereira gravando para o greenTalks –Foto: Produtora Canta
Por – Eleni Gritzapis, especial para Neo Mondo
Nosso mais recente episódio trata da sustentabilidade na cadeia de supply chain para o mercado de produtos de consumo, por meio de um bate papo com Carlos Pereira, Diretor de Supply Chain da Kimberly-Clark no Brasil.
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Ele possui mais de 20 anos de experiência no setor industrial, tendo atuado em grandes multinacionais como Unilever e Pepsico. Liderou projetos transformacionais, como reorganizações de parques fabris, implementação de Digital Manufacturing e grandes iniciativas de redução de custos e utilidades. Confira os principais trechos da entrevista e não deixe de assisti-la na íntegra no link abaixo, ou no canal de NEO MONDO ou da Green4T no Youtube.
O greenTalks é uma iniciativa pioneira entre a green4T e NEO MONDO para discutir o papel fundamental da tecnologia na promoção de um futuro mais sustentável.
(greenTalks) – Carlos, você tem uma trajetória impressionante de mais de 20 anos no setor industrial. Quais foram os principais aprendizados ao longo dessa jornada que moldaram sua visão sobre operações sustentáveis?
Ao longo desses 20 anos, percebi uma grande evolução no conceito de sustentabilidade. No início, o foco estava mais voltado para o meio ambiente: reduzir a poluição e minimizar os impactos negativos. Com o passar do tempo, as empresas começaram a adotar uma visão mais ampla, abrangendo toda a cadeia produtiva, as comunidades, os fornecedores e os próprios colaboradores. Hoje, sustentabilidade não é apenas cuidar do meio ambiente, mas também gerar impacto positivo para a sociedade como um todo.
(greenTalks) – Sustentabilidade em supply chain envolve equilibrar eficiência, custo e impacto ambiental. Como você garante esse equilíbrio na operação da Kimberly-Clark?
Esse é realmente um grande desafio. Na Kimberly-Clark, temos um propósito claro: oferecer o melhor cuidado para um mundo melhor. Para equilibrar eficiência, custo e impacto ambiental, seguimos uma lógica simples: ser eficiente reduz custos, e ao ser eficiente, também diminuímos nosso impacto ambiental. Por exemplo, ao utilizar uma linha de produção que fabrica 300 produtos por minuto em vez de 100, estamos otimizando recursos como energia e água, produzindo mais com menos. Essa abordagem nos permite atingir nossos objetivos ambientais e econômicos simultaneamente.
Nosso propósito é proteger a nossa comunidade, os nossos consumidores e oferecer produtos realmente de qualidade e com a melhor eficiência possível para os consumidores.
(greenTalks) – Muitos acreditam que sustentabilidade é sinônimo de maior custo. Como desmistificar essa percepção, especialmente em um setor com margens reduzidas?
Essa percepção está muito associada à ideia de que sustentabilidade é apenas sobre produtos. Sim, produzir uma embalagem totalmente reciclável pode ser mais caro, mas sustentabilidade vai muito além disso. Envolve eficiência em toda a cadeia de produção. Trabalhamos com inovações que permitem, por exemplo, usar matérias-primas mais leves e eficientes, o que reduz custos e o impacto ambiental. Sustentabilidade deve ser entendida como um conceito integrado, que engloba eficiência operacional, redução de resíduos e inovação.
(greenTalks) – Como a Kimberly-Clark garante a rastreabilidade das matérias-primas, especialmente considerando a complexidade da cadeia de supply chain?
Temos metas globais de reduzir 50% das nossas pegadas ambiental, hídrica e de carbono. Para garantir rastreabilidade, utilizamos certificações reconhecidas, como o FSC para fontes renováveis de celulose, e escolhemos fornecedores de energia que comprovem o uso de fontes renováveis por meio de certificações como o I-REC. Essa abordagem nos ajuda a monitorar e garantir que toda a cadeia esteja alinhada com nossos objetivos de sustentabilidade.
(greenTalks) – A Kimberly-Clark implementou o conceito de “Lean Energy”. Pode nos dar um exemplo de como isso funciona em uma escala industrial?
Sempre digo que tudo que você monitora e mede, você melhora. O que você não está monitorando, você não está olhando. O “Lean Energy” é um programa que visa reduzir o consumo de energia em nossas operações, monitorando, em toda as etapas do processo produtivo, quanta energia está sendo gasta. Um exemplo prático é o uso de sensores para monitoramento online das máquinas. Isso nos permite identificar desperdícios e implementar melhorias em tempo real, garantindo eficiência energética. Além disso, priorizamos o uso de energia de fontes renováveis em todas as nossas plantas.
(greenTalks) – Para finalizar, qual o papel da inovação na busca por uma cadeia de supply chain mais sustentável?
Inovação é essencial. Desde o desenvolvimento de novos materiais até a adoção de tecnologias digitais, como inteligência artificial e análise preditiva, estamos constantemente buscando formas de melhorar nossos processos e reduzir o impacto ambiental. A inovação nos permite reinventar nossa operação para atender às demandas de um futuro mais sustentável.
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