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Coletivo de criativos questiona expressão “time de índio” e lança campanha para patrocínio ao Gavião Kyikatejê Futebol Clube

Escrito por Neo Mondo | 8 de fevereiro de 2025

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Foto: Divulgação

POR - REDAÇÃO NEO MONDO

A iniciativa visa o letramento da população brasileira e a atração de patrocinadores para o primeiro time de futebol profissional composto por jogadores indígenas

Um grupo de publicitários brasileiros se uniu voluntariamente para criar uma campanha para o Gavião Kyikatejê Futebol Clube, o primeiro time de futebol profissional do Brasil formado por jogadores indígenas.

https://youtu.be/ttFz_w3o_Ac?si=1Oi0bSDqEHGqAZh_

Fundado em 2009, o Gavião Kyikatejê cumpre todas as normas da CBF para que seja considerado profissional, mas nunca teve patrocinadores oficiais. A iniciativa abre cotas de patrocínio e convida marcas a apoiarem o time por meio de ações de marketing esportivo. “Estamos em busca de empresas dispostas a investir no time. Isso vai nos ajudar a melhorar a estrutura e a qualidade de vida dos atletas e da comunidade da aldeia Kyikatejê”, explica Zeca Gavião, o primeiro indígena brasileiro a concluir o curso superior em Futebol e presidente do time indígena. 

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O coletivo se reuniu depois que um conhecido técnico de futebol da Série A, se referiu aos indígenas de forma grosseira para fazer uma alusão à desorganização do seu time em campo. A frase “não é um time de índios”, causou controvérsia e estampou manchetes de jornais. 

Embora tenha se desculpado publicamente, a fala do técnico expôs um problema recorrente no discurso público: a falta de letramento em relação aos povos originários do Brasil.

Os criativos Victor Toyofuku, Yohanna Ioshua e Henrique Louzada convidaram Thiago Balma, sócio-produtor executivo e a Luiz Whately, diretor de cena associado da produtora Balma Films, para desenvolver a campanha e assim, promover o time indígena e questionar antigas ideias, levando o público a uma reflexão sobre o tratamento dado aos indígenas até hoje no Brasil. “O Gavião já fez história sozinho, com o próprio esforço. Contamos a história deles como uma homenagem e para impulsionar o time a voar ainda mais longe”, comenta Victor Toyofuku.

Para Thiago Balma, “o Gavião ter um time de atletas indígenas e não ter nenhum apoio institucional é um reflexo do quão distantes estamos do tema inclusão no futebol”.  

Ao percorrer caminhos criativos, o grupo foi envolvendo outros parceiros para participar do projeto. Filmado em 16mm pela Balma Films, o filme ganhou cenas de animação produzidas pela Dirty Work e trilha produzida pela Bumblebeat. A finalização foi um trabalho da pós-produtora Cuadro Post.

Juntos, profissionais e produtoras buscaram a consultoria e o aval do cacique Zeca Gavião (Pepkrakte Jakukreikapiti Ronore Konxarti), líder da aldeia Kyikatejêe presidente do Gavião Kyikatejê Futebol Clube para a realização do projeto.

foto do poster da campanha para o Gavião Kyikatejê Futebol Clube,
Foto: Divulgação

Os diretores de animação, Faga Melo e Gustavo Leal, fizeram uma imersão na história da etnia Kyikatejê para contribuir com elementos que representassem a aldeia, suas simbologias e lendas - como a do próprio Gavião, que dá nome ao time. Com o intuito de aproximar o público da etnia, algumas cenas do filme foram pintadas à mão. 

"Ao criar uma narrativa paralela por meio da animação, buscamos adicionar uma camada mística que contrastasse com o documental das imagens captadas", contextualiza Leal. "Contando sobre a lenda, fizemos a jornada do herói. Essa foi a forma que encontramos para transmitir a força desse time. Queremos que o espectador sinta a energia Kyikatejê para realmente compreender quem são esses atletas", conclui Faga.

Ao contarmos a história do Gavião Kyikatejê, damos visibilidade ao time e tratamos os povos originários com o devido respeito”, finaliza Luiz Whately, diretor de cena da Balma Films.

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