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POR – REDAÇÃO NEO MONDO
No agronegócio, onde cada minuto conta e a precisão é essencial, o impacto de uma paralisação pode ser enorme. Recentemente, as interrupções têm sido comuns devido a um fenômeno natural chamado cintilação ionosférica. Ele é causado pela crescente atividade do atual ciclo solar e tem imposto desafios à agricultura de precisão, especialmente em regiões equatoriais da América Latina. O resultado? Máquinas que usam tecnologia de posicionamento via satélite têm registrado até cinco horas de inatividade diária devido às falhas no posicionamento durante os picos de cintilação.
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Esse problema acontece porque as tecnologias de posicionamento utilizam sinais de satélite de sistemas de navegação GNSS (Global Navigation Satellite System), que atravessam a ionosfera – uma camada da atmosfera terrestre que contém partículas ionizadas e interage com sinais de rádio. Durante a cintilação ionosférica, variações rápidas e irregulares na intensidade das partículas da ionosfera causam distorções na estrutura do sinal transmitido, comprometendo a precisão das coordenadas que guiam as máquinas agrícolas.
Diante desse cenário, a Hexagon | NovAtel olhou para sua tecnologia de correção chamada TerraStar, que já era amplamente usada na agricultura para melhorar a precisão do posicionamento em campo. A empresa examinou os desafios específicos enfrentados pelos clientes sob cintilação ionosférica e aplicou inovações na tecnologia, que hoje aumenta a estabilidade e a precisão em até 60%, mesmo durante picos de cintilação. “Utilizando algoritmos avançados de correção, conseguimos mitigar as flutuações causadas pela cintilação ionosférica e garantir que os agricultores mantenham o controle de suas operações, mesmo em períodos de alta atividade solar”, afirma Bernardo de Castro, vice-presidente de Estratégia Agrícola da divisão de Autonomy & Positioning da Hexagon.
Recentemente, um dos principais produtores de cana-de-açúcar do Brasil, que conta com uma ampla área de cultivo em uma região fortemente impactada pela cintilação, implementou a tecnologia de correção de sinal da NovAtel. A adoção permitiu que o produtor mantivesse um nível de produtividade elevado mesmo durante períodos críticos de cintilação, reduzindo o tempo de inatividade e melhorando significativamente a continuidade das operações de plantio e colheita.
O benefício é sentido em culturas que demandam precisão extrema para otimizar recursos, como cana-de-açúcar, soja e milho, em que cada erro no posicionamento pode impactar diretamente na eficiência e nos custos. Para Bernardo, “os produtores não podem mais se dar ao luxo de esperar o fim das interrupções para retomar suas atividades. Precisamos de soluções que garantam que as operações sigam com a máxima precisão em qualquer condição”. A tecnologia da Hexagon permite, assim, que a agricultura de precisão se torne mais resistente a fenômenos naturais, oferecendo aos produtores uma vantagem competitiva sustentável ao reduzir drasticamente os efeitos da cintilação ionosférica.
“Em média, conseguimos um adicional de três horas diárias de operação contínua por máquina, com tempo de atividade superior a 90% nas regiões mais afetadas. Essa é uma diferença significativa frente aos modestos 78% de tempo operacional de sistemas tradicionais”, afirma Bernardo.
Os sistemas convencionais de posicionamento frequentemente enfrentam desafios técnicos e limitações geográficas, pois requerem infraestrutura local, como torres de estação base e rádios. Essas instalações não apenas acarretam custos elevados e exigem manutenção contínua, mas também são vulneráveis a falhas. A alternativa desenvolvida pela Hexagon, que dispensa estruturas físicas e funciona com base em satélites, consegue contornar essas limitações.
Além disso, ela oferece alta repetibilidade, uma característica que assegura que o ponto de referência calculado hoje estará exatamente no mesmo lugar no futuro, seja mais tarde na mesma safra ou mesmo nos anos seguintes. Esse aspecto é essencial para o setor agrícola, onde a precisão ao longo do tempo permite o planejamento de linhas de plantio e aplicação de insumos com exatidão. A repetibilidade evita danos às culturas, maximiza o uso das áreas cultivadas e, consequentemente, aumenta a lucratividade operacional.
No setor sucroenergético, onde grandes áreas de cultivo exigem precisão constante, a tecnologia tem ajudado a manter as operações estáveis mesmo em condições adversas. O uso contínuo de tecnologias de correção robustas permite que os agricultores minimizem interrupções e mantenham níveis elevados de produtividade, especialmente durante o plantio e a colheita, momentos críticos em que cada minuto conta.
Para Bernardo, “os produtores precisam de soluções que garantam a precisão operacional, independentemente das condições atmosféricas, pois cada hora extra de operação agrega valor à produtividade e reduz custos.” Ou seja, essa abordagem se traduz em uma vantagem competitiva que possibilita à agricultura de precisão lidar de forma eficiente com os desafios da cintilação ionosférica e manter um alto nível de desempenho ano após ano.