Aryane (ABIHPEC), Pedro Ivo (Itamaraty), Carlos Nobre (Climatologista), Camille (Governo do Pará), Angélica (mediadora do evento), Luiz (Marinello Advogados) e Oscar (Neo Mondo) – (Foto: Divulgação
POR – OSCAR LOPES, PUBLISHER DE NEO MONDO
Com fala emocionante do climatologista Carlos Nobre e painel de especialistas de peso, evento promovido por Marinello Advogados e coproduzido pelo portal NEO MONDO lança luz sobre os desafios e as oportunidades da COP30, que será realizada em Belém, no coração da Amazônia
Na última segunda-feira, 7 de abril, uma manhã que tinha tudo para ser só mais uma segunda-feira em São Paulo se transformou em um encontro memorável. Com auditório cheio, café perfumado no ar e boas ideias circulando entre sorrisos e apertos de mão, o evento “Perspectivas sobre a COP30” reuniu vozes influentes e mentes inquietas que têm algo em comum: o desejo urgente de colocar o planeta no centro da mesa — não como pauta de ocasião, mas como prioridade civilizatória.
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O encontro foi uma realização do Marinello Advogados, com coprodução do portal NEO MONDO e apoio institucional da Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano, vinculada à Universidade de São Paulo (USP), através dos seus institutos Oceanográfico (IO-USP) e de Estudos Avançados (IEA-USP), da ABIHPEC e apoio da Casa Sodré Santoro e da Giardino & Arte.
Um chamado sem rodeios: o planeta está no limite
A abertura do evento ficou por conta do anfitrião Luiz Marinello, que falou com a naturalidade de quem acredita no poder das conexões — e na força do “mutirão”, palavra tupi-guarani adotada pelo Itamaraty como símbolo da mobilização necessária rumo à COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA).
Mas foi a fala do professor Carlos Nobre que deu a tônica da manhã. Em uma apresentação vibrante, carregada de dados científicos, paixão pela Amazônia e senso de urgência, o climatologista — Prêmio Nobel da Paz e um dos maiores nomes do mundo em emergência climática — fez um alerta cristalino: a Terra já aqueceu mais de 1,5°C, e os pontos de não retorno estão à nossa porta.
“O que estamos vivendo não é uma ameaça abstrata, é um risco real para a vida como a conhecemos. Precisamos de ações rápidas, profundas e corajosas — e o Brasil tem um papel-chave nesse processo”, afirmou.
Nobre destacou ainda que o Brasil pode ser o primeiro país entre os grandes emissores a atingir emissões líquidas zero até 2040, desde que avance em políticas de reflorestamento, energia limpa e agricultura regenerativa. E que a Amazônia precisa ser tratada não como obstáculo, mas como solução — um ativo global que pode inspirar novos caminhos econômicos e ecológicos.
Amazônidas, ciência, diplomacia e indústria: todos à mesa
Na sequência, o painel mediado pela jornalista Angélica Mari deu continuidade ao debate com participações de peso:
- Camille Bendahan Bemerguy, secretária adjunta de Bioeconomia do Pará, falou sobre o protagonismo dos povos tradicionais na construção de um novo modelo de desenvolvimento na Amazônia: “A bioeconomia precisa ser construída com quem vive a floresta. Nada sobre a Amazônia sem os amazônidas”, defendeu.
- Pedro Ivo Ferraz da Silva, diplomata e coordenador de Ciência e Tecnologia do Itamaraty, destacou a importância da COP30 como um marco de virada, em que as negociações climáticas precisam sair do papel e tocar a vida real das pessoas. “O multilateralismo é o caminho. O clima exige cooperação, não isolamento”, disse.
- Aryane Martins, gerente de Desenvolvimento Sustentável da ABIHPEC, representando a indústria de cosméticos e higiene pessoal, lembrou que o setor tem papel estratégico na valorização da biodiversidade e no incentivo às cadeias produtivas sustentáveis. “Cuidar da pele pode ser também cuidar do planeta — se a gente fizer isso com consciência, justiça e inovação”, pontuou.
- E o próprio Luiz Marinello, além de anfitrião, trouxe provocações sobre a conexão entre inovação, propriedade intelectual e bioeconomia. “Não dá para avançar sem proteger o conhecimento e remunerar justamente quem detém os saberes da floresta. A conservação precisa ser economicamente viável”, reforçou.
O legado começa agora
Mais do que um aquecimento para a COP30, o evento foi um convite coletivo à ação, ao diálogo e à construção de soluções reais e duradouras. Uma espécie de prévia — densa, humana e inspiradora — da conferência que colocará os olhos do mundo sobre Belém e a floresta.
“A Amazônia não pode ser pensada só por duas semanas durante a COP. O desafio é construir um legado que vá muito além do evento. Que transforme realidades, que proteja vidas, que inspire o mundo”, concluiu Ariane.
E que legado seria esse? Uma Amazônia viva, liderada por seus povos. Um Brasil protagonista na diplomacia climática. Um planeta que recupere o fôlego e o equilíbrio.
Como bem disse Marinello, olhando nos olhos da plateia:
“Está na hora de olhar para o planeta com delicadeza e agir com coragem. O futuro começa agora.”
Assista ao evento na íntegra clicando AQUI.