Documento avaliou e sintetizou o conhecimento sobre biodiversidade marinho-costeiro e serviços ecossistêmicos no Brasil – Foto: Reprodução/BPBES
POR – JORNAL DA USP / NEO MONDO
Promovido pela Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano, evento ocorrerá no dia 8 de maio, às 14h, com transmissão ao vivo pelo Youtube
A Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano, vinculada ao Instituto de Estudos Avançados (IEA) e ao Instituto Oceanográfico (IO), ambos da USP, vai lançar nesta quinta-feira, dia 8 de maio, o primeiro diagnóstico brasileiro marinho-costeiro sobre biodiversidade e serviços ecossistêmicos. O documento foi produzido em parceria com a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES, da sigla em inglês), sob a liderança dos professores Alexander Turra, do IO, Cristiana Seixas, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Beatrice Ferreira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O lançamento acontecerá às 14h, com transmissão pelo Canal do YouTube da Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano.
O 1º Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade & Serviços Ecossistêmicos está disponível clicando aqui. O evento terá transmissão neste link.
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O diagnóstico contou com 53 especialistas da academia e do governo, 12 jovens pesquisadores e 26 representantes de povos indígenas e populações tradicionais do Brasil, em diálogo com atores do poder público e da sociedade que colaboraram ao longo de quatro anos para reunir o conhecimento mais atualizado sobre a biodiversidade (marinho-costeiro) e os serviços ecossistêmicos do litoral e do mar do País. O documento complementa o Sumário para Tomadores de Decisão, lançado em novembro de 2023 e que pode ser baixado neste link.
Segundo a publicação, esse é o primeiro esforço nacional nesse âmbito e teve como ponto de partida o documento Diálogos 1, que foi utilizado como instrumento de consulta e discussão com diferentes atores que, em suas atividades, direta ou indiretamente afetam ou são afetados pela biodiversidade e pelos benefícios da natureza. “Por ser um documento que avaliou e sintetizou o conhecimento disponível acerca da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos (BSE) no Brasil, este diagnóstico pode ser considerado uma referência para o posicionamento da sociedade sobre conservação e uso sustentável. Desta forma, contribui para a integração do conhecimento científico e de populações tradicionais com políticas públicas e práticas produtivas, ampliando a interface com tomadores de decisão, a iniciativa privada e as organizações da sociedade civil”, dizem os autores.
O diagnóstico está dividido em cinco capítulos. O primeiro, Apresentando o Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, aborda conceitos-chave sobre os quais a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos se sustenta e apresenta um resumo de dados relevantes por bioma, questões de política ambiental e temas como degradação e restauração, espécies invasoras e uso sustentável da biodiversidade.
O segundo capítulo traz Contribuições da natureza para a qualidade de vida e está relacionado aos elementos Benefícios da natureza para as pessoas e boa qualidade de vida, bem como o fluxo entre eles. O capítulo avalia a contribuição da natureza para a qualidade de vida das pessoas, incluindo a inter-relação entre a biodiversidade, o funcionamento de ecossistemas e os serviços ecossistêmicos. Além da situação atual, trabalha com a dinâmica e as tendências futuras dos serviços ecossistêmicos essenciais para o bem-estar humano (como saúde, segurança alimentar, segurança hídrica, segurança energética). O texto aborda também a contribuição do conhecimento e das práticas de populações indígenas e tradicionais para a conservação da biodiversidade, para a diversificação de espécies (gerando novas espécies), bem como para a distribuição de espécies e formação de paisagens nos diversos biomas.
Tendências e impactos dos vetores de degradação e restauração da biodiversidade e serviços ecossistêmicos é tema do terceiro capítulo e está relacionado às temáticas Natureza, Instituições, Governança e outros fatores indiretos e forças diretas, avaliando o conhecimento atual e as tendências passadas e futuras da dinâmica da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos identificados no capítulo 2. Além disso, foca nas tendências dos vetores de mudanças, sendo que os principais vetores de mudanças sobre a biodiversidade que impactam a caixa Natureza, bem como as relações entre os vetores indiretos de mudança (como políticas, mudanças na economia, fatores culturais e religiosos, avanços tecnológicos) e diretos (como conversão de habitat, utilização de recursos aquáticos, mudanças no uso da terra, poluição) são tratados de maneira explicativa e ilustrados com estudos de caso. Finalmente, o capítulo explora como mudanças na caixa Natureza impactam os benefícios da natureza para as pessoas, abordando as principais estratégias e iniciativas e seus resultados relacionados à manutenção da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos.
O quarto capítulo, Interações entre natureza e sociedade: trajetórias do presente ao futuro, foi desenvolvido a partir de informações publicadas na literatura sobre cenários e modelagem. Seu conteúdo se concentra nas questões-chave que a sociedade enfrentará nas próximas décadas e que determinarão a dinâmica futura dos sistemas socioecológicos. O texto traz também análises das trajetórias disponíveis no contexto atual e do futuro das relações entre esses sistemas e impactos na biodiversidade e nos serviços ecossistêmicos.
Já o último capítulo, Opções de governança e tomada de decisão através de escalas e setores, apresenta diferentes opções para os tomadores de decisão em resposta aos cenários expostos no documento, como instrumentos de política, ferramentas de mercado e de práticas de conservação e gestão ou acordos internacionais e regionais. Também analisa as alternativas de arranjos institucionais para a governança em diferentes escalas temporais e espaciais, além dos desafios para a conservação e o uso sustentável em setores-chave e os caminhos para a integração da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos nas estratégias de desenvolvimento do País. Além disso, o capítulo identifica os ambientes favoráveis e as limitações para as adaptações de políticas, bem como as lições aprendidas, incluindo soluções e métodos para aumentar as chances de sucesso das iniciativas e aspectos que ainda permanecem como obstáculos.