A verdadeira beleza do futuro não polui, não exclui, não destrói. Ela cura, respeita e transforma – Imagem gerada por IA – Foto: Divulgação
ARTIGO
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Por – Dra Marcela Baraldi*, articulista de Neo Mondo
No Dia Mundial do Meio Ambiente, uma nova estética ganha força — a da responsabilidade
Neste 5 de junho, celebramos mais do que o meio ambiente. Celebramos a consciência que floresce entre espelhos, fórmulas e frascos. A beleza, historicamente associada ao consumo e à superficialidade, vem se transformando em uma potente aliada da sustentabilidade. No coração dessa mudança está o movimento Ecobeauty — um novo paradigma que conecta estética, ética e ecologia.
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Ecobeauty não é apenas um rótulo verde. É uma escolha filosófica, que redefine a forma como cuidamos de nós mesmos e do mundo ao nosso redor. Significa optar por ingredientes naturais ou de baixo impacto ambiental, rejeitar testes em animais, priorizar embalagens recicláveis e repensar toda a cadeia produtiva — da extração ao descarte.
É a beleza que cuida. Que se importa. Que regenera.
Quando a indústria se olha no espelho
A indústria cosmética movimenta mais de 500 bilhões de dólares por ano — mas também gera toneladas de resíduos plásticos, poluição aquática por microplásticos e uma intensa exploração de recursos naturais. De acordo com a ONU Meio Ambiente, são produzidas cerca de 120 bilhões de embalagens por ano, grande parte não reciclável.
Mas o jogo está virando. Marcas e consumidores já perceberam que sustentabilidade não é mais um diferencial — é um imperativo. Pesquisas indicam que mais de 70% dos consumidores estariam dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis. A demanda existe, o desejo é real e o futuro está sendo esculpido a cada compra consciente.
O Brasil e o potencial da beleza sustentável
Por aqui, o segmento de cosméticos naturais e orgânicos cresce cerca de 20% ao ano, movimentando mais de R$ 3 bilhões, segundo dados da BioBrazil Fair. Empresas nacionais comprometidas com sustentabilidade têm triplicado seus faturamentos, impulsionadas por um consumidor mais exigente e informado.
A mudança também passa pelas embalagens — um dos maiores gargalos ambientais do setor. Materiais recicláveis, biodegradáveis ou de origem renovável estão ganhando espaço. E 73% dos consumidores dizem preferir embalagens com menor impacto ambiental.
A beleza está nos detalhes — e nas escolhas
Produtos cruelty-free, com ingredientes naturais e fórmulas limpas, estão em ascensão. Eles não apenas cuidam da pele, mas também da saúde planetária. A cadeia de valor se estende até o consumidor, que hoje exerce um papel crucial: buscar marcas éticas, consumir com responsabilidade, apoiar a produção local e repensar o descarte.
É tempo de consumir menos, porém melhor.
O papel das marcas: compromisso com o futuro
Empresas brasileiras vêm liderando pelo exemplo. O Grupo Boticário já conta com 64% dos produtos com atributos sustentáveis, além de programas como o Boti Recicla — referência em logística reversa. A Natura, certificada como Empresa B, se comprometeu a tornar 100% de suas embalagens reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis até 2025.
São iniciativas que não apenas reduzem impactos, mas inspiram todo um ecossistema de transformação.
A beleza que o mundo precisa
Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, que a beleza não seja apenas vista — mas sentida. Que represente um gesto de cuidado com a pele, com a alma e com o planeta. Que seja regenerativa, consciente, inclusiva.
Porque a verdadeira beleza do futuro não polui, não exclui, não destrói.
Ela cura, respeita e transforma.
*Dra Marcela Baraldi, Médica Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, cadastrada no corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e consultório particular – CRM: 151733 / RQE: 66127.