Foto – Pedro J. Márquez
POR – REDAÇÃO NEO MONDO
“É urgente que a gente pare o genocídio indígena”, afirma Luiz Bolognesi após premiação de “A Última Floresta” no 71º Festival de Berlim
O filme “A Última Floresta”, dirigido por Luiz Bolognesi (“Ex-Pajé”) e produzido pela Gullane e Buriti Filmes, em associação com a Hutukara Associação Yanomami e o Instituto Socioambiental (ISA), venceu o prêmio do público na mostra Panorama no 71º Festival de Berlim. Esta é a terceira vez que a Gullane é premiada no festival – em 2018 “Ex-Pajé” venceu o prêmio especial do Júri Oficial de Documentários da Mostra Panorama – e a segunda vez que vence a categoria Audience Award, também conquistada pelo filme “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert, em 2015. O Panorama Audience Award acontece desde 1999. Este ano, a mostra Panorama apresentou 16 longas-metragens, sendo “A Última Floresta” o único representante brasileiro. Luiz Bolognesi assina o roteiro do filme ao lado do xamã e líder político Yanomami Davi Kopenawa. De Berlim, onde foi acompanhar as sessões presenciais do filme na edição Summer Special (em março, a primeira fase do festival foi online), o diretor afirmou:
“Esse prêmio é muito importante não só para nós que fizemos o filme, mas para o cinema brasileiro – que fez aniversário nesse dia 19, – e sobretudo para a imagem dos povos indígenas, dos povos Yanomami, que estão sob ataque nesse momento, lutando contra uma invasão de mais de 20 mil garimpeiros ao seu território. É fundamental que a imagem do filme rode os países e o planeta para que a gente possa fazer pressão para a retirada desses invasores ilegais tanto das terras dos Yanomamis como das terras dos Munduruku. Esse prêmio significa que o mundo está de olho e eu espero que o governo brasileiro cumpra a constituição e retire esses invasores da terra legalmente constituída e de direito dos Yanomami. É urgente que a gente pare o genocídio indígena imediatamente”, disse Luiz Bolognesi.
Luiz Bolognesi – Foto: Divulgação
O produtor Fabiano Gullane que assina a produção ao lado de Caio Gullane e da Buriti Filmes (Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi), também comentou a premiação: “São projetos com grande articulação internacional, que só reforçam um dos valores da Gullane, que é incentivar o mercado audiovisual brasileiro e a exportação de conteúdos brasileiros para o mundo. É uma grande conquista para o nosso audiovisual em um momento de tanta tristeza no nosso país”, afirmou.
Em junho “A Última Floresta” também conquistou o prêmio de Melhor Filme no 18º Seoul Eco Film Festival, na Coreia do Sul, e foi exibido no DocsBarcelona – Festival Internacional de Documentários, na Espanha, em maio, no Wairoa Maori Film Festival, na Nova Zelândia, e no Biografilm Festival, na Itália, em junho. No Brasil, teve sessões no Festival Pachamama em maio e em junho, no Festival Internacional Imagem dos Povos e na Mostra Ecofalante de Cinema, durante a Semana do Meio Ambiente. A primeira sessão no Brasil ocorreu no 26º É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários 2021. O longa também foi exibido nos festivais Visions du Réel, na Suíça, e no Hot Docs, no Canadá.
“A Última Floresta” retrata o cotidiano de um grupo Yanomami isolado, que vive em um território ao norte do Brasil e ao sul da Venezuela há mais de mil anos. O xamã Davi Kopenawa Yanomami busca proteger as tradições de sua comunidade e contá-las para o homem branco que, segundo ele, nunca os viu, nem os ouviu. Enquanto Kopenawa tenta manter vivos os espíritos da floresta, ele e os demais indígenas lutam para que a lei seja cumprida e os invasores do garimpo retirados do território legalmente demarcado. Mais de 10 mil garimpeiros ilegais, que invadiram o local em 2020, derrubam a floresta, envenenam os rios e espalham Covid e outras doenças entre os indígenas. Com distribuição da Gullane, a estreia do filme no Brasil está prevista para 2021.
Sinopse:
Em um território Yanomani isolado na Amazônia, o xamã Davi Kopenawa Yanomani tenta manter vivos os espíritos da floresta e as tradições, enquanto a chegada de garimpeiros traz morte e doenças para a comunidade. Os jovens ficam encantados com os bens trazidos pelos brancos; e Ehuana, que vê seu marido desaparecer, tenta entender o que aconteceu em seus sonhos.