Nice 2025: uma ponte entre o conhecimento e a ação – Imagem gerada por IA – Foto: Divulgação
POR – OSCAR LOPES, PUBLISHER DE NEO MONDO
De 9 a 13 de junho de 2025, Nice, na França, se torna o epicentro da mobilização global em defesa dos oceanos. A Terceira Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos (UNOC3), coorganizada por França e Costa Rica, vai além de um encontro diplomático: é um chamado à ação urgente por um futuro sustentável e resiliente, com base na ciência, na cooperação internacional e no engajamento de todos os setores da sociedade.
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Com a presença de cerca de 100 chefes de Estado, 30 mil cientistas, organizações da sociedade civil, setor privado e instituições multilaterais, a conferência tem como missão acelerar a implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 (ODS 14) — que trata da conservação e uso sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos. O evento busca não apenas compromissos políticos, mas resultados concretos.
“Há uma grande expectativa em relação à conferência das Nações Unidas sobre Oceano de toda a comunidade oceânica. Pesquisadores, empresários, tomadores de decisão e o terceiro setor estarão em Nice para compartilhar seus avanços na agenda oceânica. Estamos no momento de agir e ampliar o alcance das ações. Temos ainda que trabalhar para definir os rumos futuros do ODS 14 e o legado da Década do Oceano. O Brasil tem um forte protagonismo nessa agenda e poderá sediar as próximas conferências sobre oceano, tanto da Década do Oceano quanto da ONU. Esse é um dos objetivos da visita do Presidente Lula à conferência deste ano“, afirma o biólogo Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo e coordenador da Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano, é uma referência internacional no campo da ciência oceânica.
A UNOC3 abordará temas cruciais como a ratificação do Tratado do Alto-Mar (BBNJ), que busca proteger as águas internacionais; o fortalecimento da governança oceânica; o combate à poluição marinha — especialmente do plástico — e a promoção de uma economia azul regenerativa. A França, anfitriã do evento, estabeleceu prioridades claras: conhecimento científico, descarbonização do transporte marítimo, financiamento climático e adaptação à elevação do nível do mar.
Entre os destaques da programação estão os painéis de ação oceânica, com a participação de representantes de governos, ONGs, cientistas e lideranças indígenas e comunitárias. Também ocorrem eventos paralelos de peso, como o One Ocean Science Congress, a Cúpula da Coalizão pela Resiliência Costeira e o Fórum de Finanças e Economia Azul, além de uma ampla programação aberta ao público na chamada Zona Verde, dedicada à cultura oceânica.
A presença brasileira será marcada pela participação do presidente Lula e de delegações científicas e institucionais, com a intenção de posicionar o Brasil como futuro anfitrião de edições da Conferência dos Oceanos e reforçar seu protagonismo na agenda azul. A conferência também será estratégica como preparação para a COP30, que acontecerá em Belém, em novembro.
Os oceanos cobrem mais de 70% da superfície do planeta, abrigam 80% da biodiversidade da Terra, regulam o clima e são fonte de alimento, renda, cultura e inovação para bilhões de pessoas. No entanto, enfrentam pressões crescentes da mudança climática, da exploração predatória e da poluição. “É difícil proteger aquilo que não conhecemos”, afirma o diplomata francês Olivier Poivre D’Arvor, reforçando o papel central da ciência no desenho de soluções.
Nice 2025 promete ser um marco na virada civilizatória que o planeta exige. Um fórum de pactos, compromissos e esperança. Uma ponte entre o conhecimento e a ação. Uma voz coletiva pela saúde do oceano — e pela sobrevivência da humanidade.