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Dia Mundial da Biodiversidade: quando a Terra ainda sussurra, apesar de tudo

Escrito por Neo Mondo | 22 de maio de 2025

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Mico-leão-dourado, símbolo da fauna brasileira e da luta pela conservação da biodiversidade no país - Imagem gerada por IA - Foto: Divulgação

POR - OSCAR LOPES, PUBLISHER DE NEO MONDO

Neste 22 de maio, celebramos a sinfonia da vida que resiste, mesmo ferida, em meio ao silêncio crescente de espécies que já não voltam. Uma data que deveria ser comemoração — mas tornou-se súplica

“A natureza não é um lugar para visitar. É o lar.”
— Gary Snyder

Há uma linguagem feita de asas e raízes, de sons noturnos e luzes filtradas entre copas.
Uma gramática invisível que pulsa no ritmo das marés, no canto de uma ave rara, no florescer sincronizado de árvores que nunca se viram.

Essa linguagem — ancestral, complexa, sagrada — chama-se biodiversidade.
E neste 22 de maio, Dia Mundial da Biodiversidade, o que se celebra não é apenas sua beleza. É sua resistência diante de uma extinção em marcha, silenciosa, sistêmica, provocada por nós.

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A extinção não é teoria: é o agora

Estamos vivendo a sexta extinção em massa da história da Terra — só que, desta vez, ela tem responsáveis diretos.
Ao contrário das anteriores, causadas por cataclismos naturais, esta é obra humana: agrícola, econômica, cultural, moral.

A ciência é clara: mais de 1 milhão de espécies correm risco de desaparecer nas próximas décadas.
A cada dia, perdemos não apenas espécies — perdemos saberes, funções ecológicas, beleza, equilíbrio, poesia.

A cada som que silencia, empobrecemos um pouco mais o mundo.

As chagas que abrimos na carne viva do planeta

A lista é extensa. E brutal:

  • Desmatamos 20 campos de futebol por minuto.
  • Transformamos florestas em monoculturas e desertos verdes.
  • Envenenamos o ar, a água, a terra, os corpos.
  • Drenamos oceanos com redes gigantescas e sem compaixão.
  • Matamos abelhas com agrotóxicos invisíveis e legais.
  • Plasticamos o planeta — do topo do Himalaia às profundezas da Fossa das Marianas.
  • Aquecemos tanto a Terra que já desregulamos as estações, os ciclos, os ritmos.

Mas há algo mais grave ainda: perdemos o vínculo espiritual com a vida.
Acreditamos que a natureza está a serviço dos nossos desejos — quando, na verdade, somos parte do que ela é.

foto de tigre, remete a matéria sobre o dia mundial da biodiversidade
Imagem gerada por IA - Foto: Divulgação

Ainda assim, a vida insiste

Apesar do colapso, a biodiversidade não se rende.
Nas margens esquecidas de rios, em territórios indígenas protegidos com sangue, em áreas de restauração silenciosa, a vida ressurge.

Cada árvore plantada é um poema.
Cada semente guardada, um ato de rebeldia contra o fim.
Cada animal devolvido à natureza, um gesto de cura.

A biodiversidade nos oferece não apenas alimentos, medicamentos, água limpa. Ela oferece sentido, equilíbrio, cura e memória.

22 de maio: dia de escutar — e escolher

Este não é um dia para campanhas vazias nem slogans recicláveis.
É um dia para escutar o que a Terra ainda tenta nos dizer, mesmo entrecortada por sirenes, tratores e fumaça.

É um dia para escolher:
➤ Continuamos sendo a espécie que devora tudo — inclusive a si mesma?
➤ Ou nos tornamos a geração que teve a lucidez de mudar?

Neste espírito de escuta e responsabilidade, o advogado Luiz Ricardo Marinello, sócio do Marinello Advogados e referência em direito ambiental e ESG, compartilha uma reflexão poderosa em vídeo para o Portal Neo Mondo.
Um recado necessário, direto do campo jurídico e empresarial, sobre o papel decisivo que todos os setores — especialmente o produtivo — devem assumir na defesa da vida e os dez anos da lei da biodiversidade brasileira.

Assista ao vídeo e reflita: que legado estamos deixando para além do mercado?

https://youtube.com/shorts/FdM0Q8gSE2I?si=WINQ0qxI4nC-pS7I
Luiz Ricardo Marinello

Pela restauração do sagrado

A biodiversidade não é um dado estatístico.
Ela é a respiração da Terra.
É a dança cósmica da multiplicidade que sustenta o milagre da existência.

Preservá-la é mais do que uma urgência ambiental:
É um chamado ético, espiritual, civilizacional.

Ainda temos tempo.
Mas não muito.

Que este Dia Mundial da Biodiversidade não seja apenas lembrança —
Mas o início de um pacto com a vida.

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