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Escrito por Neo Mondo | 18 de janeiro de 2021
O PDE 2030 conclui que a oferta de combustíveis continuará sendo baseada em derivados de petróleo, sem explorar alternativas para migração para combustíveis sustentáveis ou analisar o risco de o país investir centenas de bilhões de reais na exploração do petróleo com a perspectiva de custos crescentes das emissões de carbono. Ademais, não se discutem os riscos econômicos, ambientais e sociais da expansão da exploração de petróleo em novas fronteiras exploratórias: por serem áreas sobre as quais se tem menos conhecimento geológico, experiência operacional e infraestrutura instalada, elas estão mais sujeitas a atrasos, acidentes e não previstos e até mesmo inviabilidade econômica para produção. Isso é especialmente verdade na margem equatorial, para onde a Petrobras prevê investimentos de US$ 1 bilhão. É importante que o PDE 2030 aponte a necessidade da realização das Avaliações Ambientais de Área Sedimentar para todas as bacias além das realizadas para as do Solimões e Sergipe-Alagoas. Esse processo permite identificar potenciais impactos socioambientais de maneira sistêmica, o que evitaria a concessão de áreas problemáticas, investimentos equivocados e processos de licenciamento conflituosos. Até mesmo o carvão, altamente poluente, caro e de pouca relevância para o Brasil, é considerado como opção para geração de eletricidade. Não faz sentido apostar em modernização de térmicas a carvão se já foi definido o fim de subsídios para a fonte via Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) em 2027. É uma questão de tempo para que os atuais investidores migrem desse setor, – possivelmente antes até do que se espera. Mais producente seria se o PDE 2030 propusesse políticas para descomissionamento delas, facilitando a migração da cadeia carbonífera – trabalhadores e empresas – para outras atividades. Por outro lado, alternativas inovadoras, como a inserção do hidrogênio verde como combustível ou a utilização da macaúba para a produção de biocombustíveis são deixados de lado. É necessário propor melhoramentos ao RenovaBio, aumentando sua abrangência e escopo, e avaliar em que medida o Brasil pode se beneficiar das sinergias que os biocombustíveis, os veículos elétricos e o hidrogênio podem oferecer. A retomada econômica e o combate à crise climática são prioritários para o desenvolvimento do país. É preciso que o setor energético, tão intrinsicamente ligado a essas questões, também as trate como prioridades.
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