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Escrito por Neo Mondo | 20 de abril de 2022
Imagem - Pixabay
ARTIGO
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POR - JULIO CELSO COSTA LADEIRA*, PARA NEO MONDO
A imprevisibilidade passou a fazer parte da nossa rotina e a dominar as projeções de futuro nas áreas de economia, meio-ambiente e sociedade. Mas será possível, entre tanta instabilidade, encontrar agentes capazes de promover uma sensação de segurança ou de apontar um caminho para o planejamento em longo prazo? Uma nova pesquisa da agência mundial de comunicação Edelman, sobre a confiança da população nas instituições, empresas, mídia e ciência, demonstrou que sim. Depois de ouvir 36 mil pessoas, em 28 países, o levantamento concluiu que a comunidade global, diante da limitada atuação do Estado, deposita agora suas esperanças na iniciativa privada.
A atual percepção, por parte de 64% da população brasileira, de que empresas são instituições confiáveis, competentes e éticas é resultado de décadas de investimento em transparência, governança e reputação corporativa. Nos últimos anos, as grandes marcas não só entenderam seu papel social, como também passaram a agir ativamente em prol do bem-estar coletivo, impactando as comunidades em que estão inseridas de forma responsável e sustentável. Esse dado demonstra, também, o grande poder de persuasão do cidadão, como “consumidor” capaz de definir novos rumos de desenvolvimento.
A pandemia e, mais recentemente, a guerra entre Rússia e Ucrânia evidenciaram a importância das atividades comerciais e industriais para a manutenção do fluxo de mercadorias e busca por soluções. Nesses cenários, vimos empresas assumirem a responsabilidade pela saúde de colaboradores e comunidades, engajando-se em ações de conscientização e prevenção contra a Covid-19, lutando pela preservação de empregos e adotando firmes posicionamentos pela paz mundial. Em alguns casos – e podemos citar especificamente o brasileiro - as empresas começam a ocupar uma lacuna deixada pela negligência governamental, enquanto provedoras de qualidade de vida e segurança. Não à toa, elas são apontadas pela maioria dos brasileiros como lideranças eficientes na coordenação de esforços para a resolução de problemáticas coletivas. Mais do que isso: 79% da população afirma confiar, antes de tudo, em seus empregadores.
Os conselhos de administração empresarial já entenderam que o futuro pertence às marcas com propósitos relevantes e que, para fazer parte dele, elas precisam avançar do storytelling para o storydoing. Ou seja, não basta apresentar uma narrativa ou uma agenda convincente. As soluções e melhorias sociais precisam ser tangíveis e consistentes. Em resumo, o consumidor não apenas compra um produto, ele compra uma ideia, um valor.
Por fim, é preciso lembrar que o bem-estar social é composto por dois braços: o Estado e o mercado. Embora a previsibilidade e a segurança jurídica do mercado sejam fundamentais para a estabilidade social, não podemos abandonar a manutenção da complexa engenharia entre o público e o privado. Talvez, tenha chegado o momento de grandes corporações retribuírem a confiança e o respeito que conquistaram de seus consumidores usando seu poder de influência e de decisão para pressionarem o executivo e o legislativo, traçando, inclusive, os caminhos que precisam ser percorridos para que os próximos governos recuperem a credibilidade perante a sociedade civil.
A gestão para uma reestruturação pode, sim, ser liderada pela iniciativa privada, mas precisa contar com o apoio do setor público. Fica, então, a desafiadora missão de, daqui para frente, o corpo empresarial pensar ações institucionais intercambiáveis, construindo, de forma robusta, uma atuação conjunta eficiente, transparente e comunicativa, capaz de atender os anseios e as angústias sociais e contribuir para o desenvolvimento humano. Ou seja, não há uma oposição entre Estado e mercado, poder público e iniciativa privada, precisamos superar velhos mitos.
*Julio Celso Costa Ladeira - Diretor Financeiro e Administrativo da Marins Bertoldi Advogados
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