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Mata Atlântica passa a ser monitorada com Sistema de Alertas de Desmatamento

Escrito por Neo Mondo | 3 de fevereiro de 2022

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A Mata Atlântica protegida no Parque Estadual do Morro do Diabo, uma das unidades geridas pela Fundação Florestal - Foto: Helder Henrique de Faria/Wikiparques

POR - CRISTIANE PRIZIBISCZKI, ((O))ECO / NEO MONDO

 

Alertas mensais visam orientar políticas públicas de combate à destruição do bioma, que conta com cerca de 15% de sua cobertura original

  Bioma mais devastado do Brasil, a Mata Atlântica passou a ser monitorada mais de perto a partir do dia 1/02/22. Na data foi lançado o Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) específico para essa formação vegetal, uma iniciativa do MapBiomas, Fundação SOS Mata Atlântica e a sociedade de geógrafos Arcplan. O sistema permite identificar e reportar desmatamentos em áreas a partir de 0,3 hectare, monitoradas com o uso de imagens de satélite de alta resolução. Os alertas serão gerados mensalmente e podem subsidiar políticas públicas de combate à destruição dos remanescentes. Estima-se que resta apenas 15% da cobertura original do bioma atualmente. Se consideradas áreas reflorestadas, essa porcentagem sobe para 28%, mas, da vegetação que resta, 80% são fragmentos com menos de 50 hectares. A área original do bioma estendia-se por 1,3 milhão de quilômetros quadrados, nas áreas litorâneas desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. Era o segundo maior bioma do continente, depois da Amazônia. Os dados do SAD Mata Atlântica, no entanto, não são considerados oficiais, como os gerados pelo sistema de alertas do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), o Deter, que desde 2004 gera alertas para a Amazônia e, desde 2017, para o Cerrado, este último ameaçado de descontinuidade por falta de verbas.
Foto: Renato Augusto Martins

Áreas mais ameaçadas

Por ocasião do lançamento do SAD Mata Atlântica, as organizações envolvidas na iniciativa divulgaram um relatório parcial do desmatamento no bioma com alertas coletados e validados durante todo ano de 2021. No documento, são apresentados dados para quatro regiões: as bacias hidrográficas do Rio Tietê (São Paulo), do Rio Iguaçu (Paraná), do Rio Jequitinhonha (Bahia e Minas Gerais) e dos Rios Miranda e Aquidauana, na região do município de Bonito (Mato Grosso do Sul). Minas Gerais, Paraná e São Paulo estão entre os campeões de desmatamento da Mata Atlântica. “Nesses estados escolhemos bacias hidrográficas onde o problema costuma ser mais crítico, principalmente em função da expansão agropecuária. A bacia do Rio Tietê em São Paulo não está entre as regiões de maior desmatamento do Brasil, mas tem a particularidade de ser uma região de metrópoles e grandes cidades, onde a expansão urbana também ameaça a Mata Atlântica”, explica o diretor de conhecimento da Fundação SOS MA, Luís Fernando Guedes Pinto. Nas quatro bacias monitoradas em 2021 houve 1.103 alertas que somam 6.739 hectares de desmatamento. A maioria dos alertas (70%) se refere a perdas menores que três hectares, o que, segundo os pesquisadores envolvidos, ressalta o novo perfil do desmatamento na Mata Atlântica, composto por uma soma de pequenos cortes de floresta. Segundo o documento, a agropecuária foi o principal vetor de desmatamento nas áreas analisadas (93,7%). A expansão urbana ficou responsável pelo restante (6,3%) da devastação nas bacias prioritárias avaliadas. A partir do próximo relatório do SAD Mata Atlântica, todo bioma será monitorado seguindo os limites do Mapa de aplicação da Lei da Mata Atlântica.
Foto: Divulgação

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