Passada a fase de validação, as pesquisadoras chegaram a um modelo mais robusto e profissional, lançando mão de recursos como vídeos,
reminders e personificação para engajar o usuário a mudar o comportamento. Entre outras estratégias, o programa utiliza a entrevista motivacional e a psicoeducação para propor a melhoria da qualidade de vida da pessoa dependente química. “Não necessariamente a abstinência, mas no mínimo ajudar a pessoa a se tornar mais consciente”, pondera Flavia. Segundo a pesquisadora, a ambivalência é uma marca das pessoas nesta condição. E ter um recurso disponível no celular no momento em que ela pensa em pedir ajuda, pode ser um começo decisivo.
Mesmo aberto ao público, o aplicativo mantém a marca da pesquisa científica, uma vez que o usuário contribui para a avaliação tanto da ferramenta, quanto da efetividade do tratamento. Além de baixar e usar o app, o usuário pode participar do ensaio clínico randomizado
neste link, que tem como objetivo testar a usabilidade e, ao mesmo tempo, aperfeiçoar o auxílio a usuários de álcool, cocaína, crack e maconha. Os inscritos no estudo devem assinar um termo de consentimento e poderão receber o tratamento completo gratuitamente.
Todo o conteúdo do aplicativo é fundamentado em abordagens cientificamente comprovadas como efetivas pelas especialistas em dependência química. O embasamento científico envolve técnicas como Entrevista Motivacional, Terapia Cognitivo-Comportamental, Prevenção à Recaídas, Treinamento de Habilidades Sociais e Manejo de Contingências, mas agrega a vantagem da vasta prática clínica das psicólogas.
“A nossa proposta não é a de uma terapia on-line, e sim uma intervenção on-line. Nesta primeira versão do nosso app, não há interação com um profissional; é totalmente inteligência artificial, numa abordagem baseada em evidência”, destaca Natália. Ela conta que um dos objetivos futuros da pesquisa é dispor de uma equipe de plantão para os casos em que a inteligência artificial não seja suficiente.