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Escrito por Neo Mondo | 6 de abril de 2018
POR - JORGE EDUARDO DANTAS / NEO MONDO
Jovens produzem telejornal para refletir sobre a realidade das populações ribeirinhas
Como ajudar jovens amazônicos a refletir sobre sua realidade? Como fazer com que eles entendam e percebam as oportunidades e problemas existentes onde vivem? Uma das maneiras de provocar essa reflexão é por meio da Educomunicação – um campo de reflexões e práticas que une teorias da Comunicação e da Educação e propõe a análise da mídia e a produção de jornais, fanzines, cartazes e programas de rádio e televisão. A Educomunicação pressupõe que, fazendo esses materiais, os jovens têm condições de refletir sobre as informações que chegam até eles, sobre a realidade em que estão inseridos e de como exercer seus direitos de maneira mais plena e efetiva. Reconhecendo a importância deste assunto, em março o WWF-Brasil levou esse conceito para o Sul do Estado do Amazonas: durante três dias, 45 crianças, adolescentes e jovens adultos – entre 4 e 20 anos – moradores das comunidades da Barra de São Manoel e de Colares, discutiram e confeccionaram produtos de comunicação baseados na realidade das populações extrativistas habitantes das imediações do Rio Tapajós. Esta programação ocorreu em paralelo a uma oficina de boas práticas na exploração da castanha - que envolveu os adultos daquelas imediações e deu continuidade aos trabalhos de estruturação da cadeia produtiva da castanha, na qual o WWF-Brasil já vem trabalhando há algum tempo por ali.
Compartilhando sonhos Entre as atividades realizadas estava a produção do Jornal do Castanhal: um telejornal concebido, escrito, dirigido, filmado e apresentado pelos jovens, que teve como propósito falar sobre o universo dos castanheiros moradores da Barra de São Manoel; e a participação dos meninos e meninas em uma mostra de vídeos, que contou com exibição pública do telejornal e de filmes de temática socioambiental. As crianças e adolescentes participaram ainda de dinâmicas em que foram chamados a compartilhar seus sonhos para o futuro. A grande maioria falou sobre profissões – houve quem dissesse ter o desejo de tornar-se jogador de futebol, médico, professor ou policial. Um menino disse que quer ser “dragueiro” (o profissional ligado à exploração do ouro nos garimpos da região) e uma menina manifestou o desejo de tornar-se cientista. Eles também foram provocados a descrever sua comunidade e seus espaços favoritos – neste exercício, apareceram com frequência as áreas de lazer, as casas e o Rio Tapajós. Esta atividade também teve como objetivo levantar subsídios para que, no futuro, o WWF-Brasil realize mais atividades voltadas para os jovens da Amazônia.
As comunidades As comunidades de Barra de São Manoel e Colares são resultado dos fluxos migratórios ocorridos na Amazônia durante o ciclo da borracha, no início do século XX. Elas ficam às margens das nascentes do Rio Tapajós, no município de Apuí (AM) - mas, devido à distância em relação a esta cidade, também recebem assistência de Jacareacanga, município do sudoeste do Pará. Elas estão situadas entre o Parque Nacional do Juruena e o Mosaico do Apuí, duas áreas protegidas que, somadas, ajudam a conservar mais de 4,3 milhões de hectares de floresta amazônica. O WWF-Brasil desenvolve projetos de conservação da natureza naquela área há mais de uma década. Nos próximos meses, o WWF-Brasil promove na região treinamentos relativos ao turismo de base comunitária; pesquisas para avaliar o potencial econômico das castanhas produzidas na região; e oficinas de gestão de negócios e associativismo.
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