Escrito por Neo Mondo | 28 de setembro de 2017
POR - PORTAL BRASIL
Consciência da sociedade, profissionais da saúde e da segurança sobre a importância da doação de órgãos e tecidos é essencial para viabilizar operações
O Brasil tem mais de 33 mil adultos e crianças na fila de espera por um transplante de órgãos como coração, rins, pulmão e fígado. Os dados, divulgados pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), evidenciam uma realidade que merece atenção: apesar de o número de doadores no País tenha sido recorde em 2016, a espera de pacientes cuja vida depende da doação de órgãos está longe de acabar.
Essa realidade, porém, pode ser mudada e a palavra-chave para isso é conscientização, de acordo com a enfermeira-chefe da Organização de Procura de Órgãos (OPO) da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Viviane Marçal. A especialista considera que é importante haver conscientização da sociedade, mas também da comunidade médica, equipes de saúde, polícias e bombeiros, por exemplo.
“Quanto mais rápido o órgão for captado e armazenado, mais chance há de sucesso na operação. Se não tivermos policiais que notifiquem as mortes a tempo ou médicos que não sabem da importância das doações e não notifiquem órgãos disponíveis, esse processo não vai acontecer”, alerta Viviane.
Apenas as famílias podem autorizar a doação de órgãos de pessoas falecidas, então é importante que quem deseja doar órgãos expresse o desejo aos entes queridos. Documentos por escrito deixados pelo paciente não são aceitos pela lei.
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“Se a família já tem essa consciência, o processo é organizado mais rapidamente. Isso envolve etapas como exames e documentação. Depois, cada médico especialista capta seu próprio órgão, tem que estar todo mundo junto. É uma luta contra o tempo até chegar aos receptores. Portanto, quanto mais informada a família e a sociedade estiverem, melhor”, declara.
Viviane explica que existe uma fila única, nacional, organizada de acordo com a gravidade dos pacientes. Ela obedece, porém, a critérios regionais. Isso significa que, se um órgão fica disponível no Mato Grosso, por exemplo, buscam-se doadores no mesmo estado e em locais próximos. Se não for encontrado um potencial receptor nesses limites, o órgão será disponibilizado para pacientes da lista nacional.
De acordo com a enfermeira-geral da OPO, a fila de espera por rins costuma ser a mais longa, pois os pacientes têm um tempo de sobrevida estendido por meio dos aparelhos de hemodiálise. Em outros casos, como aqueles em que a pessoa enferma necessita de um coração ou pulmão, as mortes são mais comuns.
A informação, segundo Viviane, é, mais uma vez, a chave para mudar essa realidade. “Pessoas na fila vão morrer aguardando um órgão que alguém não doou porque não teve o conhecimento necessário para decidir sobre a doação. Quanto mais consciência, mais chance temos de ajudar os outros. A vida tem de continuar.”
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