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Escrito por Neo Mondo | 16 de junho de 2025
Imagem gerada por IA - Foto: Divulgação
POR - OSCAR LOPES, PUBLISHER DE NEO MONDO
No universo veloz das startups — onde inovação é palavra de ordem e capital é o combustível — uma pergunta teima em ficar sem resposta: quem continua de fora desse futuro promissor?
Em meio a pitches milionários, rodadas de investimento e ideias “disruptivas”, a realidade permanece desigual. Lideranças homogêneas, concentração regional e exclusões estruturais ainda moldam o cenário do empreendedorismo de base tecnológica. E é justamente nesse ponto cego que a Natura decidiu lançar luz.
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Com uma história marcada por engajamento socioambiental e coragem para liderar mudanças, a empresa aposta agora num movimento ousado: transformar o ecossistema de startups a partir da inclusão, da equidade e da regeneração. E não se trata de marketing — mas de política de investimento com metas, prazos e intenção transformadora.
O Natura Ventures, fundo de Corporate Venture Capital da marca, foi lançado em 2024 com uma missão que vai além dos lucros: fomentar soluções que regenerem o planeta e reequilibrem as relações sociais. Agora, com o novo anúncio, o fundo incorpora metas explícitas de diversidade que não deixam margem para interpretações suaves:
Com um horizonte de 10 anos, essas metas assumem um recado claro: investir é, também, um ato político.
Os dados falam por si — e gritam.
De acordo com o IBGE, mulheres são mais da metade da população brasileira. Mas, entre as startups, apenas 19% foram fundadas exclusivamente por elas, segundo a Abstartups. No topo da hierarquia, os números são ainda mais escassos: 13,7% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres, conforme aponta o estudo Startup Landscape: Lideranças Femininas 2024.
Quando cruzamos esse cenário com raça e território, a desigualdade se aprofunda. Cerca de 58% das startups estão no Sudeste, revelando uma geografia do privilégio que marginaliza ideias, saberes e talentos de outras regiões.
A mensagem da Natura, portanto, não é simbólica — é estratégica: não existe inovação verdadeira sem diversidade.
Mais do que corrigir distorções históricas, o Natura Ventures quer redesenhar o que entendemos como progresso. E isso só é possível com um novo olhar — aquele que integra regeneração ambiental e inclusão social como lados da mesma moeda.
“A diversidade é o motor da inovação”, afirma José Manuel Barbosa, vice-presidente de Novos Negócios da Natura. “Investir em startups diversas é nutrir um ecossistema mais criativo, mais justo e, acima de tudo, mais preparado para os desafios do nosso tempo.”
O fundo entende que nem toda startup nasce pronta para atender a todos esses critérios. Por isso, oferece suporte contínuo, orientação técnica e abertura ao diálogo, convidando as empresas a caminharem, junto à Natura, por um percurso de amadurecimento. Aqui, capital vem acompanhado de confiança — e construção coletiva.
A estratégia não se encerra na inclusão. O fundo também mira startups com soluções regenerativas, circulares e alinhadas à bioeconomia, com atenção especial à Amazônia e a modelos de negócio que reduzam a pegada de carbono.
“A gente quer escalar negócios que tenham raiz e propósito. Que respeitem os ciclos da vida e da floresta. Que não cresçam às custas do planeta, mas com ele”, reforça Barbosa. A sustentabilidade, nesse caso, deixa de ser um selo e passa a ser critério de seleção.
O primeiro investimento já ilustra esse norte: a Abbiamo, startup de logística “last mile”, foi escolhida por sua eficiência e proposta de valor sustentável. É só o começo, mas sinaliza um caminho claro.
Com o Natura Ventures, a empresa reafirma algo que há muito defende: lucro e impacto não são opostos, são aliados quando há intencionalidade.
E, talvez, o que a Natura esteja dizendo ao mercado — e ao mundo — é que não basta escalar negócios; é preciso escalar justiça.
Esse fundo é mais do que uma carteira de investimentos. É um convite. A pensar diferente. A financiar melhor. A imaginar um futuro onde startups floresçam em solo fértil, diverso e regenerativo. Onde lideranças negras, femininas e do Norte do Brasil não sejam exceção, mas regra. Onde a floresta seja, sim, uma estratégia — e não um obstáculo ao crescimento.
Porque, no fim, não se trata apenas de startups.
Se trata de quem vai contar o futuro — e para quem ele será feito.
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