Amazônia está sendo dizimada – Foto: Vicente Sampaio
POR – IMAZON / NEO MONDO
Acumulado desde janeiro, 7.715 km², também ficou como o pior em 10 anos
- Área desmatada em agosto equivale a cinco vezes o tamanho de Belo Horizonte e é 7% maior do que a registrada no mesmo mês de 2020.
- Em relação ao acumulado de janeiro a agosto, área devastada em 2021 é 48% maior do que no mesmo período no ano passado.
- Agosto também foi o quinto mês deste ano em que o desmatamento atingiu a maior área da década.
- Pará e Amazonas seguem como os estados que mais desmatam a Amazônia, somando 66% de toda a destruição em agosto.
- Acre ocupou pela primeira vez no ano o terceiro lugar no ranking dos estados que mais desmataram.
Área contornada de vermelho representa alerta de desmatamento de 2,65 km² identificado em agosto no município de Confresa (MT), o que equivale a 265 campos de futebol
Uma área equivalente a cinco vezes o tamanho de Belo Horizonte foi desmatada na Amazônia apenas em agosto, o maior índice para o mês em 10 anos. Com isso, o acumulado desde janeiro de 2021 também ficou como o pior da década. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Com 1.606 km² de floresta destruída, agosto foi o quinto mês deste ano em que o desmatamento atingiu o pior cenário desde 2012. Março, abril, maio e julho também tiveram a maior área devastada em 10 anos, o que indica que as medidas tomadas para combater a derrubada não conseguiram baixar o ritmo do dano ambiental.
Em relação a agosto do ano passado, a área desmatada neste ano é 7% superior. Já o acumulado de janeiro a agosto, de 7.715 km², é 48% maior do que no mesmo período de 2020.
“Se quisermos evitar que o ano feche com a maior área desmatada da década, precisamos urgentemente adotar ações mais efetivas, como aumentar o embargo de terras já desmatadas ilegalmente e intensificar operações de fiscalização, com a devida punição dos desmatadores”, alerta Antônio Fonseca, pesquisador do Imazon.
Além disso, o especialista aponta que é preciso destinar terras públicas que ainda não tiveram seu uso definido para criação de novas áreas protegidas, como unidades de conservação, terras indígenas e territórios quilombolas. Outra medida, segundo ele, seria barrar projetos de lei que flexibilizam regras para regularização fundiária, retiram direitos dos povos indígenas e reduzem áreas protegidas.
Pará segue na liderança como estado que mais desmata
Desde maio, o Pará segue consecutivamente no topo do ranking dos estados que mais desmataram na Amazônia, e teve 638 km² destruídos apenas em agosto. Essa área representa 40% de toda a devastação na Amazônia Legal e é maior do que São Luís.
Além disso, em agosto, o Pará concentrou 6 das 10 unidades de conservação do ranking das que mais desmataram e metade dos municípios, terras indígenas e assentamentos.
“Apenas os cinco municípios paraenses que figuram na lista dos 10 que mais desmataram, Altamira, São Félix do Xingu, Pacajá, Itaituba e Portel, concentraram 40% do total de desmatamento detectado no estado. Todos estão na lista do Ministério do Meio Ambiente (MMA) que indica os municípios prioritários para prevenção, monitoramento e controle do desmatamento. E eles ainda apresentam grandes blocos de áreas protegidas em seus territórios, o que torna esse desmatamento ainda mais perigoso e agravante”, comenta Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.
Municípios do sul do Amazonas são os que mais destruíram a floresta
Na lista dos estados, o Amazonas segue pelo quarto mês consecutivo como o segundo que mais desmata na Amazônia, com 412 km² de floresta devastada em agosto (26% do total). Porém, no ranking dos municípios, duas cidades do sul amazonense ficaram em primeiro e em segundo lugar entre as maiores desmatadoras: Lábrea e Boca Acre. Ambas somaram 185 km² de destruição em agosto.
“O fato desses municípios do Amazonas estarem no topo do ranking dos que mais desmataram é reflexo da intensificação do avanço da fronteira do desmatamento no sul desse estado, algo que estamos alertando em nossos últimos monitoramentos”, acrescenta Amorim.
Desmatamento na Amazônia – Foto: Christian Braga
Acre ocupa terceiro lugar pela primeira vez no ano
Com 236 km² de floresta desmatados em agosto (15% do total), o Acre entrou pela primeira vez no ano no terceiro lugar do ranking dos estados que mais destruíram a Amazônia. Apenas dois municípios, Sena Madureira e Feijó, somaram 95 km² de desmatamento, 40% do registrado no estado.
O Acre também teve duas entre as 10 unidades de conservação com as maiores áreas destruídas em agosto, a Resex Chico Mendes e a Resex do Cazumbá-Iracema.
“O Acre apresenta uma dinâmica de desmatamento com áreas menores, mas em grande quantidade. Quando analisamos o mapa de perda de floresta na Amazônia, notamos uma intensidade muito alta de ocorrências de alertas no Acre, especialmente na divisa com os estados do Amazonas e de Rondônia. Isso indica a possibilidade da região estar sendo alvo do avanço da fronteira do desmatamento, que está mais evidente no sul do Amazonas”, explica Fonseca.
Monitoramento da Amazônia – O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), desenvolvido pelo Imazon, é uma ferramenta que utiliza imagens de satélites (incluindo radar) para monitorar a floresta. Além do SAD, existem outras plataformas que vigiam a Amazônia: Deter, do Inpe, e o GLAD, da Universidade de Maryland. Todas são importantes para a proteção ambiental, pois garantem a vigilância da floresta e a emissão de alertas dos locais onde há registro de desmatamento. Os dados fornecidos ajudam os órgãos de controle a planejarem operações de fiscalização e identificarem desmatadores ilegais.