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ARTIGO
Por – José Ronaldo Silveira Júnior*, especial para Neo Mondo
O Brasil é um país com uma forte tradição de geração de energia por fontes renováveis, impulsionada há muitos anos pela produção de eletricidade por fontes hídricas. Acontece que recentemente, o país entrou pela primeira vez, na lista dos dez maiores produtores mundiais de energia solar. No ano passado, o país encerrou com 24 GW de potência operacional em fonte solar, alcançando a oitava posição no ranking mundial. Anteriormente, estávamos na 13ª posição. Dados divulgados pela Absolar, indicam que o setor atraiu investimentos da ordem de R$ 45 bilhões em 2022. Há de se destacar também o crescimento da produção de eletricidade por fontes eólicas, especialmente na região nordeste do país.
É uma notícia que nos deixa muito otimistas não só pelos seus impactos positivos na economia, mas, também, nos aspectos da sustentabilidade com o país se posicionando na linha de frente das energias renováveis.
De acordo com informações da World Steel Association, associação internacional, que representa aproximadamente 190 produtores de aço em todo o mundo, grandes empresas produtoras de aço já vem investindo em tecnologias de energia renovável para buscar soluções e realizar esforços contínuos para limitar os impactos das mudanças climáticas.
Com o pensamento de que todo o ciclo de produção deve ser impulsionado cada vez mais para as ambições de sustentabilidade, a produção de aço pode caminhar para ser menos intensiva em carbono, mais barata e mais eficiente.
O aço de baixa emissão oferece uma maneira de reduzir a pegada de carbono de um projeto, de forma que os fabricantes estão buscando cada vez mais opções de fontes renováveis para compor o seu mix de suprimento energético. Por exemplo, temos a energia eólica ajudando a reduzir a quantidade de combustíveis fósseis usados na produção de energia do sistema e que é usada para operar uma planta siderúrgica. Nesse caso há um “círculo virtuoso” de aço produzido por energia eólica sendo usado para promover a transição para energia renovável de uma indústria siderúrgica.
A Usiminas, por exemplo, vem se firmando nesse mercado não só como produtora de aços especiais para torres de energia eólica, mas, também, como produtora de energia fotovoltaica. Há pouco mais de um ano, firmamos uma parceria com uma das maiores produtoras globais desse tipo de energia, a Canadian Solar, para autoprodução de 30 megawatts médios de energia renovável por 15 anos a partir de 2025. Essa energia poderia suprir uma cidade com 500 mil habitantes, representa cerca de 12% do volume de energia consumido pela companhia e é mais um passo importante dentro da nossa agenda ESG.
Embora o tema não seja novo na empresa – desde a década de 70 a Usiminas investe na geração de energia por meio do reaproveitamento dos gases residuais de processos produtivos na Usina de Ipatinga -, o novo investimento representa um avanço significativo na busca pela redução das emissões nas nossas operações e garante, ainda, ganhos importantes em termos de redução de custos de energia.
A construção do parque solar vai consumir investimentos estimados em R$ 1,35 bilhão e o início de suprimento será a partir de janeiro de 2025. Tal empreendimento irá contribuir para o país buscar novas posições no ranking mundial de produtores. Atualmente, conforme dados de entidades do setor, o Brasil já está à frente da Holanda (22,5 GW) e Coreia do Sul (20,9 GW). No topo da lista está a China (392 GW), seguida por EUA (111 GW), Japão (78,8 GW), Alemanha (66,5 GW), Índia (62,8 GW), Austrália (26,7 GW) e Itália (25 GW).
A Usiminas tem um compromisso público de investir na sustentabilidade de suas operações e seguimos buscando novas oportunidades de continuar avançando nessa agenda. Esse é um caminho sem volta, de múltiplos benefícios e que pretendemos trilhar com cada vez mais força. Hoje, não há dúvida de que é, também, desse tipo de investimento que depende o presente e o futuro da indústria e da sociedade em qualquer país do globo. É nosso dever para com as gerações futuras manter nosso rumo como uma indústria comprometida na revolução ambiental.
*José Ronaldo Silveira Júnior – Doutor em Engenharia Elétrica e Gerente de Contratação de Energia e Vendas Especiais da Usiminas.