As sete vencedoras da premiação Para Mulheres na Ciência 2024 – Imagem: Luis Madaleno
POR – REDAÇÃO NEO MONDO
Evento realizado pelo Grupo L’Oréal no Brasil, em parceria com a UNESCO e Academia Brasileira de Ciências, aconteceu nesta última quarta-feira no hotel Fairmont no Rio de Janeiro
Desde 2006, o prêmio Para Mulheres na Ciência, busca promover a igualdade de gênero e incentivar a participação feminina na ciência. A iniciativa criada pelo Grupo L’Oréal, junto com a UNESCO e a Academia Brasileira de Ciência (ABC), visa premiar anualmente sete brasileiras com projetos científicos em diferentes áreas, como Ciência Física, Ciência Química, Ciência Matemática e Ciências da Vida. Esse ano, o evento de premiação aconteceu no dia 27 de novembro no hotel Fairmont no Rio de Janeiro e contemplou todas as laureadas com um valor de R$50 mil reais.
Leia também: Beleza Sustentável: como o Grupo L’Oréal transforma o mercado de cosméticos com impacto positivo
Leia também: EcoBeauty: inovação científica e o futuro da beleza no 34º Congresso IFSCC
Ao longo desses 19 anos, mais de 120 pesquisadoras já foram reconhecidas e mais sete acabam de entrar para a lista, sendo elas Larissa Ávila, Raquel Aparecida, Carolina Benone, Marcela Fonseca, Fernanda Soares, Luisa Brant e Manuela Sales. As mesmas estiveram presentes no evento de premiação, junto com o CEO do Grupo L’Oréal no Brasil, Marcelo Zimet, a pesquisadora brasileira e presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena Nader, e o coordenador de ciências humanas e sociais naturais da UNESCO, Fábio Eon.
“O Para Mulheres na Ciência faz parte de um programa global que contempla anualmente mais de 350 jovens cientistas pelo mundo em 110 países por meio das iniciativas regionais e nacionais. Só no Brasil, já foram investidos mais de R$6 milhões em pesquisas. Sabe por qual razão? Porque o Grupo L’Oréal acredita que a ciência precisa estar no centro das discussões. Não podemos trazer ela para perto apenas quando há algum tipo de problema, precisamos fazer com que ela esteja presente a todo momento”, comenta Marcelo Zimet.
Para Fábio Eon, a iniciativa faz parte do DNA da UNESCO que considera a ciência como um direito humano. “Na Declaração Universal dos Direitos Humanos, se a gente pegar o artigo 27, fala sobre o direito ao progresso científico para todos e todas. Então, esse foi o mantra da Unesco desde a sua criação. Apesar disso, a gente ainda tem desigualdades ligadas ao acesso à ciência, e infelizmente não conseguimos assegurar esse direito ao progresso científico como a gente gostaria. Por isso, nossa missão é tentar diminuir essas diferenças, e a principal delas, certamente, é a desigualdade de gênero entre homens e mulheres na ciência. Nosso desafio com UNESCO é tentar motivar para que mais meninas e mulheres ingressem em carreiras científicas” afirma.
Já para Helena Nader, o programa Para Mulheres na Ciência tem sido uma experiência muito interessante, afinal, ela consegue ver a evolução dos projetos ao longo de todos esses 19 anos de Para Mulheres na Ciência. “Tem muitos projetos qualificados que chegam para nós, dá um orgulho imenso, mas sempre consideramos aquela proposta que tem um diferencial”, explica a pesquisadora, que complementa, “Essa é uma forma de dar visibilidade às mulheres que atuam como cientistas. Esse ano premiamos sete, mas tem muitas outras com projetos incríveis que também merecem reconhecimento. Precisamos continuar dando mais oportunidades delas mostrarem onde podem chegar”, conclui.
Projetos premiados 2024
Ciências Física
A professora da Universidade Federal do Pará, Carolina Loureiro Benone está interessada em estudar buracos negros “cabeludos” e suas propriedades. “ Gostaria de entender mais sobre esses objetos na presença de matéria, essa é uma forma de pensar em como vamos conseguir, um dia, observá-los no espaço”, explica a pesquisadora. Ela ainda quer investigar a estabilidade de um tipo particular de estrela, chamada de estrela de bósons.
Ciências Química
Também professora da Universidade Federal do Pará, Marcele Fonseca Passos está buscando um tratamento alternativo para a prevenção de infecções bacterianas nas feridas, como a leishmaniose cutânea. Ela busca curativos que sejam eficazes e fáceis de trocar sem causar mais dor ao paciente. Com a ajuda da nanotecnologia e da bioimpressão 3D, Marcele quer preparar as substâncias para a aplicação em curativos tridimensionais inteligentes, que imitam tecidos biológicos e permitem a liberação controlada da medicação no local da ferida.
O desenvolvimento dessa nova proposta terapêutica passa pela exploração sustentável dos recursos naturais, com respeito às comunidades locais e incluindo o conhecimento tradicional no avanço da pesquisa médica. Marcele espera que essa abordagem inovadora possa, um dia, se concretizar em um avanço significativo no tratamento da leishmaniose e outras doenças negligenciadas, e que esteja disponível pelo Sistema Único de Saúde.
Ciências Matemática
Formada em estatística pela Universidade Estadual de Campinas, Lárissa Ávila Matos, se dedica a desenvolver métodos estatísticos para lidar com situações em que os dados não são perfeitos – por exemplo, quando há informações faltando ou quando os dados são distorcidos de alguma forma. Alguns equipamentos médicos de medição têm limitações, isto é, não conseguem quantificar valores acima ou abaixo de certos limites. A falta de dados precisos dificulta a interpretação de resultados e a tomada de decisões clínicas. Por isso, a pesquisa da Larissa busca soluções para lidar com essas limitações de forma precisa e eficiente.
Ciências da Vida
A bióloga Raquel Aparecida Moreira, formada pela Universidade Federal de Ouro Preto investiga como a presença de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos impactam organismos dos ecossistemas aquáticos. Sua hipótese é que, assim como esses medicamentos alteram o comportamento humano, podem, também, alterar o comportamento de animais aquáticos, incluindo seus padrões de natação e a maneira como eles interagem uns com os outros e com o ambiente. A pesquisadora vai avaliar se, na presença desses medicamentos, peixes e crustáceos mudam a forma como reagem a ameaças como a presença de um predador e investigar se, após exposição prolongada, esses animais desenvolvem dependência química aos compostos estudados. O estudo da ecotoxicologia – ou seja, dos diferentes efeitos da contaminação ambiental sobre a saúde dos ecossistemas e a biodiversidade – é essencial para a gestão da qualidade da água, do solo e da saúde pública.
Já a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Manuela Sales Lima Nascimento, também vencedora da categoria Ciências da Vida, vai investigar a infecção congênita causada pelos agentes da sífilis e da toxoplasmose. A pesquisa, pioneira, tem como objetivo avaliar se essas infecções congênitas causam alterações no sistema imunológico dos bebês. A hipótese é que a exposição intrauterina aos agentes infecciosos pode remodelar a resposta imunológica das crianças, levando a diferentes graus de imunorregulação e/ou imunocomprometimento. Os resultados da pesquisa vão ajudar a orientar o acompanhamento clínico de bebês com infecções congênitas, por exemplo, em relação a que vacinas eles precisam tomar e em que momento.
Dando continuidade às vencedoras da Categoria Ciências da Vida, Luisa Campos Caldeira Brant quer explorar o uso de aplicativos para celular no atendimento à saúde após alta hospitalar – seu foco maior está em doenças cardiovasculares. Um tempo atrás, ela contribuiu para o desenvolvimento de um aplicativo em um projeto em parceria com cinco universidades norte-americanas, liderado pela Universidade Stanford, e, agora, está adaptando a metodologia para o contexto brasileiro. Por exemplo, nas recomendações de mudanças de estilo de vida dos pacientes, a ferramenta sugere dietas focadas nos alimentos disponíveis no Brasil, e atividades físicas que fazem parte do nosso dia a dia. Luisa espera que a plataforma digital possa, no futuro, ser de fato aplicada à prática clínica no Brasil e adaptada para o acompanhamento de pacientes com outras condições de saúde, em especial as doenças crônicas não transmissíveis.
Por fim, Fernanda Rodrigues Soares, Professora da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, tem como objetivo com o seu projeto desenvolver um teste genético, adaptado para o perfil da população brasileira, que ajude a orientar o tratamento de pacientes com doença coronariana com obstrução dos vasos sanguíneos do coração. Essa adaptação vai ajudar a identificar se os pacientes têm ou não boa chance de responder ao uso do clopidogrel – medicamento utilizado após a cirurgia de angioplastia, a fim de que o sangue não coagule. Para isso, ela vai coletar dados genéticos e clínicos de pelo menos 500 pacientes que passaram por angioplastia. No futuro, o teste pode se tornar uma ferramenta valiosa para orientar a tomada de decisões clínicas e salvar a vida de muitos pacientes brasileiros.
Sobre o Grupo L’Oréal
O Grupo L’Oréal se dedica à beleza há 115 anos. Com seu portfólio internacional único de 37 marcas diversas e complementares, o Grupo gerou vendas no valor de 41.18 bilhões de euros em 2023 e conta com mais de 90 mil colaboradores em todo o mundo. Como líder mundial em beleza, a empresa está presente em todas as redes de distribuição: mercados, lojas de departamento, farmácias e drogarias, cabeleireiros, varejo de viagens, varejo de marca e e-commerce. Pesquisa & Inovação, e uma equipe de pesquisa dedicada de 4.000 pessoas, estão no centro da estratégia da L’Oréal, trabalhando para atender as aspirações de beleza em todo o mundo. Reforçando seu compromisso de sustentabilidade, a L’Oréal anunciou o programa L’Oréal Para o Futuro e estabeleceu metas ambiciosas de desenvolvimento sustentável em todo o Grupo para 2030, visando capacitar seu ecossistema para uma sociedade mais inclusiva e sustentável.
No Brasil, quarto maior mercado de beleza do mundo, a companhia completa 65 anos em 2024 e é uma das líderes entre as empresas de beleza, com um portfólio de 20 marcas no país, como L’Oréal Paris, Maybelline, Garnier, Niely, Colorama, Kérastase, L’Oréal Professionnel, RedKen, La Roche-Posay, Vichy, SkinCeuticals, CeraVe, Lancôme, Giorgio Armani, Yves Saint Laurent, Ralph Lauren, Cacharel, Prada, Azzaro e Mugler.