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POR – OSCAR LOPES, PUBLISHER DE NEO MONDO
Uma recente expedição científica na costa da Bahia trouxe à tona uma preocupação crescente: a presença de microplásticos em áreas de preservação ambiental, incluindo o Parque Nacional Marinho de Abrolhos. A Expedição “Abra os Olhos”, realizada pelo Instituto Redemar Brasil com o apoio da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (SETUR), Embasa e o Governo do Estado da Bahia, coletou amostras de água em seis pontos do litoral baiano: Abrolhos, Baía de Todos os Santos, Barra Grande, Gamboa do Morro, Ilhéus e Santo André. As análises preliminares, conduzidas pelo Laboratório de Ecossistemas Aquáticos da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) – Campus VIII, confirmaram a presença de microplásticos nas águas de Abrolhos, evidenciando a extensão da contaminação por plásticos nos oceanos.
Os microplásticos, definidos como partículas de plástico com menos de 5 milímetros, resultam da manipulação de resíduos plásticos maiores e de fontes primárias, como microesferas em produtos de higiene. Estudos indicam que essas partículas estão presentes em diversos ambientes marinhos e podem ser ingeridas por uma ampla gama de organismos, desde plancton até grandes mamíferos marinhos. A ingestão de microplásticos pode causar obstruções físicas, exposição a substâncias químicas tóxicas e transferência de contaminantes ao longo da cadeia alimentar, chegando a seres humanos através do consumo de frutos do mar.
A poluição por microplásticos é uma preocupação global crescente. Estudos recentes revelaram evidências de partículas microscópicas de plástico nos órgãos internos e no sangue de quase todas as pessoas testadas, levantando novas preocupações sobre os potenciais impactos dos microplásticos na saúde humana e na vida marinha, cada vez mais poluídos por plásticos.
A descoberta de microplásticos em Abrolhos é particularmente alarmante, visto que a região abriga uma maior concentração de recifes de corais do Atlântico Sul, ecossistemas sensíveis e de grande importância para a biodiversidade marinha. A presença dessas partículas pode afetar a saúde dos corais e de outras espécies marinhas, comprometendo a integridade ecológica da área.
A expedição “Abra os Olhos” não apenas concordou com a presença de microplásticos, mas também enfatizou a necessidade de ações conjuntas entre governo, empresas e sociedade para combater a poluição plástica nos oceanos. A professora Patrícia Pinheiro, coordenadora do Laboratório de Ecossistemas Aquáticos da UNEB, destacou a importância de medidas mitigadoras e de educação ambiental para reduzir o uso de materiais plásticos e proteger os ecossistemas marinhos.
Os resultados completos da pesquisa serão publicados brevemente em uma revista científica, fornecendo dados essenciais para o desenvolvimento de estratégias de combate à poluição por plástico. A expectativa é que a expedição “Abra os Olhos” sirva de alerta para a sociedade e para as autoridades, impulsionando medidas eficazes para a proteção dos oceanos e da saúde pública.