Reciclar tornou-se uma responsabilidade ética, ambiental e econômica – Imagem gerada por IA – Foto: Divulgação
POR – OSCAR LOPES, PUBLISHER DE NEO MONDO
Celebrado em 17 de maio, o dia convida o mundo a refletir sobre o ciclo dos materiais e a urgência de uma economia regenerativa
Vivemos em uma era marcada pela abundância do descartável e pela escassez do essencial. O Dia Mundial da Reciclagem, celebrado hoje, 17 de maio, nos obriga a encarar essa contradição de frente. Diante de um cenário global que acumula mais de 2 bilhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos por ano, segundo o Banco Mundial, reciclar já não é apenas uma opção: tornou-se uma responsabilidade ética, ambiental e econômica.
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Mais do que separar materiais no lixo doméstico, reciclar é uma forma de questionar o modelo linear de consumo baseado em extrair, produzir, usar e descartar. É uma convocação à transição para a economia circular, que propõe um fluxo regenerativo, onde recursos são reaproveitados, resíduos se transformam em insumos e o impacto ambiental é radicalmente reduzido.
A urgência de rever o destino do que descartamos
No Brasil, apenas 13% dos resíduos sólidos urbanos são reciclados, segundo o World Resources Institute (WRI). Isso significa que uma imensa quantidade de materiais — plásticos, metais, papéis e vidros — que poderiam ser reaproveitados continuam sobrecarregando aterros sanitários, contaminando solos, rios e mares.
A situação é ainda mais grave quando se observa o destino dos plásticos: estima-se que 11 milhões de toneladas cheguem aos oceanos a cada ano. Essa poluição silenciosa alimenta um colapso ecológico em curso, afetando cadeias alimentares, biodiversidade e o equilíbrio climático. Reciclar, portanto, é também um ato de resistência à degradação planetária.
Inovação, políticas públicas e justiça ambiental
Fomentar a reciclagem em escala exige mais do que ações individuais. Requer uma aliança entre governos, empresas, centros de inovação e a sociedade civil. Políticas públicas consistentes, incentivos fiscais, sistemas de logística reversa e educação ambiental são peças-chave nesse tabuleiro.
A valorização dos catadores e catadoras, que atuam na base da cadeia da reciclagem, é igualmente fundamental. Invisibilizados por décadas, esses trabalhadores são os verdadeiros guardiões da circularidade urbana — e devem ocupar o centro das estratégias de transição ecológica justa.
Empresas que aderem à Responsabilidade Estendida do Produtor (REP), e startups que desenvolvem tecnologias para rastreio e reaproveitamento de resíduos, também são atores cruciais para transformar o descarte em oportunidade.
Uma agenda global e intergeracional
O Dia Mundial da Reciclagem, instituído pela UNESCO, tem como missão ampliar a consciência coletiva sobre a necessidade de reduzir, reutilizar e reciclar. Mas vai além: propõe uma mudança profunda de mentalidade. Não se trata apenas de onde jogamos nossos resíduos — mas de como produzimos, consumimos e valorizamos os materiais que nos cercam.
Num mundo em que a velocidade do consumo desafia os limites da biosfera, a reciclagem se apresenta como um gesto concreto de cuidado com o futuro — uma prática que conecta escolhas individuais a transformações estruturais.
Reciclar é reimaginar
Neste 17 de maio, que a reciclagem deixe de ser apenas uma ação pontual e passe a ser entendida como parte de um novo pacto civilizatório. Reciclar é reimaginar o mundo em que queremos viver: mais limpo, mais justo, mais consciente — e profundamente interligado.