Água-viva, medusa, alforreca ou mãe-d’água fazem referência a um conjunto de animais marinhos, que podem ser cnidários, ctenóforos e taliáceos. De corpos transparentes e aspecto gelatinoso, estes animais são invertebrados e seu corpo é constituído 95% de água.
Physalia physalis, também conhecida como caravela portuguesa, não é uma espécie de água-viva, mas uma colônia de indivíduos interligados. Comum do Nordeste ao Sudeste do Brasil, seus tentáculos podem alcançar mais de 30 metros - Foto: Talles Lisboa Vitória
Alvaro Migotto explica que as medusas, bem como as caravelas, são organismos oceânicos e “ocasionalmente chegam próximos da costa, causando esses eventos de saúde pública”. Não se sabe o motivo, mas alguns pesquisadores acreditam que a degradação dos oceanos pode ter levado a um aumento da incidência de mães-d’água no litoral. De acordo com o guia, o aumento da temperatura nos oceanos, em decorrência das mudanças climáticas, tende a favorecer a reprodução desses organismos. “Dada a extensão do nosso território, há características ecológicas distintas nas praias, o que muda a composição e o período de ocorrência das espécies”, acrescenta Nagata.
Ao chegarem ao litoral, a maioria desses animais encalha na praia e morre desidratada ou por insolação. “Faz parte do ciclo de vida deles”, reforçam Migotto e Nagata. Mas lembram que, antes disso, eles tentam se reproduzir e se alimentar. “O que causa a sensação de queimadura é, na verdade, um envenenamento quando os tocamos. Esse veneno é uma estratégia para captura de pequenos animais”, diz Migotto, defendendo que se trata de uma resposta natural.
Segundo os pesquisadores, outra característica muito confundida pelas pessoas é acreditar que águas-vivas “perseguem” suas presas. Elas possuem tentáculos de grande aderência e neles há minúsculas cápsulas que acondicionam poderosas toxinas, capazes de paralisar um pequeno peixe ou crustáceo. “São as cnidas, que atuam de forma muito parecida com a agulha hipodérmica. Quando a gente chega perto dos tentáculos, há um estímulo químico e mecânico, disparando essas cápsulas”, detalha Migotto. O professor da USP conta que os tentáculos se assemelham a um arpão, cujas pontas disparam o veneno. “Elas injetam abaixo da derme e, por serem muito pequenas, geralmente são várias centenas de cnidas disparadas em quem encostar nelas.”
O professor explica que todas as águas-vivas têm veneno, mas nem todos nos afetam. No caso de acidentes com um desses animais, Migotto orienta: “É preciso tirar com muito cuidado os tentáculos, sem esfregar, pois muitas vezes algumas dessas cápsulas ainda não foram disparadas”. Essa medida, assim como utilizar água salgada para lavar o local, pode evitar espalhar ainda mais veneno.