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O futuro dos negócios exige liderança ESG e gestão inteligente de riscos

Escrito por Neo Mondo | 17 de junho de 2025

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ARTIGO

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Por - Petrina Santos* e Liliana Tiengo*, especial para Neo Mondo

A sigla ESG (Ambiental, Social e Governança, em português) transcendeu o jargão corporativo para se consolidar como uma bússola indispensável na navegação dos negócios. Globalmente, estima-se que os investimentos direcionados por critérios ESG possam alcançar US$ 53 trilhões até 2025, segundo levantamento da Bloomberg Intelligence — um reflexo da crescente demanda por transparência e responsabilidade. No Brasil, essa tendência também é evidente: 93% das 100 maiores companhias publicaram relatórios de sustentabilidade em 2023, um avanço que coloca o país na 19ª posição em um ranking global da KPMG sobre o tema. Esses números refletem uma demanda crescente por clareza e prestação de contas, evidenciando que a sustentabilidade se tornou um imperativo estratégico.

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Petrina Santos - Foto: Divulgação

Os pilares Ambiental e Social abrangem um vasto espectro de riscos e oportunidades. A gestão de riscos socioambientais é vital para a resiliência dos negócios. No cenário brasileiro, a seriedade com que as empresas encaram esses desafios é crescente: 89% das grandes companhias já divulgam metas de redução de emissões de carbono e 76% reconhecem a perda de biodiversidade como um risco relevante para suas operações, segundo dados da KPMG de 2024. Globalmente, 88% dos investidores intensificaram o uso de informações ESG em suas análises no último ano, conforme aponta a consultoria Ernst & Young. O Banco Central do Brasil, por meio da Resolução CMN nº 4.943/2021, tornou obrigatória a gestão de riscos social, ambiental e climático pelas instituições financeiras (RSAC). O documento exige que tais riscos sejam avaliados considerando o setor do cliente, suas características e a operação financiada. Essa abordagem tem transformado a análise de crédito no país, fortalecendo os critérios ESG no sistema financeiro. A gestão proativa desses riscos, portanto, envolve uma análise profunda, políticas claras e uma cultura organizacional que integre essas considerações ao processo decisório.

foto mostra uma mão de executivo clicando no esg, remete ao artigo O futuro dos negócios exige liderança ESG e gestão inteligente de riscos
Foto: Divulgação

A efetiva integração dos princípios ESG reside, fundamentalmente, no pilar da Governança. Uma governança robusta e orientada para a sustentabilidade é o alicerce para que boas intenções se traduzam em ações concretas. Isso implica um compromisso inequívoco da alta liderança, incorporando ativamente a agenda ESG à visão de longo prazo e à estratégia central do negócio. A estratégia corporativa para a sustentabilidade, impulsionada por uma liderança visionária, envolve metas claras atreladas a indicadores de desempenho. No setor financeiro, isso se manifesta na criação de produtos de investimento ESG — um mercado que, no Brasil, passou de 134 para 257 fundos sustentáveis em 2024, segundo a Anbima. No setor automotivo, reflete-se no investimento em tecnologias de baixa emissão e na promoção de uma economia circular. Em ambos os casos, a liderança demonstra seu compromisso ao alocar capital e fomentar uma cultura organizacional que valorize a sustentabilidade, posicionando a organização como agente de transformação positiva.

Liliana Tiengo - Foto: Divulgação

A transição para uma mobilidade mais sustentável é um exemplo tangível de como os princípios ESG convergem, impulsionando inovação. No Brasil, os veículos eletrificados leves cresceram 89% em 2024, somando 177.358 unidades, segundo a ABVE, apoiados por uma rede de 14.827 pontos de recarga públicos e semipúblicos. E os biocombustíveis seguem fundamentais: o país bateu recorde na produção de etanol, com 36,83 bilhões de litros em 2024 (+4,4%, segundo a UNICA), e no consumo de etanol hidratado, que cresceu 33,4%, chegando a 21,63 bilhões de litros, de acordo com a ANP. Com 83,4% da frota licenciada composta por veículos flex e uma paridade de preços etanol/gasolina de 65,3% — a melhor desde 2010 — o Brasil reforça sua estratégia de descarbonização. Esse movimento mobiliza tanto a indústria quanto o setor financeiro, que direciona recursos para inovação, infraestrutura e expansão de soluções limpas.

Colaboração setorial é chave

O futuro será moldado pela capacidade das organizações de integrar genuinamente as considerações ESG em suas estratégias. A crescente conscientização dos consumidores, aliada a um ambiente regulatório atento, acelera essa transformação. Para se ter uma ideia, 94% dos brasileiros esperam ação ESG das empresas e investidores (segundo dados da Bureau Veritas). Desafios como a crise climática e a desigualdade social exigem que empresas atuem em conjunto com o governo e com a sociedade civil para desenvolver soluções e compartilhar melhores práticas. A cooperação em áreas como o financiamento da transição e as tecnologias limpas pode gerar resultados exponenciais.

Ao abraçar a agenda ESG como oportunidade para inovar e gerar valor compartilhado, as empresas asseguram sua perenidade e contribuem para um futuro mais justo e sustentável.

*Petrina Santos, Gerente Executiva de Sustentabilidade e Relações Governamentais da Volkswagen Financial Services Brasil (VWFS).

*Liliana Tiengo, Gerente de Risco Operacional, Mercado, Liquidez & BCM da Volkswagen Financial Services Brasil (VWFS).

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