POR – APPROACH COMUNICAÇÃO / NEO MONDO
É a primeira vez que um aquário consegue a reprodução em cativeiro desta espécie. Um estudo inédito sobre o assunto foi apresentado durante o congresso internacional de aquários, colocando a atração carioca na liderança mundial para conservação das raias-borboletas
Elas encantam pela beleza da coloração e pelo tamanho da envergadura, que, em alguns casos, pode chegar até 2 metros. As raias-borboletas (Gymnura altavela), nativas do litoral brasileiro, encontram-se ameaçadas de extinção. Na tentativa de reverter este quadro, o Aquário Marinho do Rio realizou, pela primeira vez no mundo, a reprodução em cativeiro desta espécie de peixe cartilaginoso.
Todo o processo — da concepção, gestação, nascimento e acompanhamento pós-parto dos filhotes — resultou em um estudo inédito que acaba de ser apresentado no Regional Aquatics Workshop 2019 (RAW 2019), o congresso internacional que reuniu os principais aquários de todo mundo nos Estados Unidos. A pesquisa colocou a atração carioca na liderança para a conservação das raias-borboletas.
“Para nós, é motivo de muito orgulho anunciar o nascimento de raias-borboletas no Aquário Marinho do Rio de Janeiro. Existe um importante e incansável trabalho realizado pela nossa equipe para a conservação de espécies marinhas do nosso litoral que estão ameaçadas de extinção”, diz Marcelo Szpilman, biólogo marinho e diretor-presidente do AquaRio.
A preocupação com a reprodução desta espécie tem um motivo: as raias-borboletas são classificadas como “criticamente em risco”, conforme a portaria 445 do Ministério do Meio Ambiente, e sua captura e comercialização estão proibidas por lei.
A gestação, que durou cerca de 6 meses, foi acompanhada de perto pela equipe de biólogos e veterinários. Nascidos em agosto de 2018, cinco filhotes — três machos e duas fêmeas — passaram a fazer parte do que é considerado “o maior aquário da América do Sul”. Eles se encontram na área de quarentena e ainda não há previsão para irem ao Grande Tanque Oceânico.
Filhotes raia-borboleta / Foto: Divulgação
Outras reproduções em cativeiro no AquaRio
Além das raias-borboletas, outras espécies também tiveram filhotes, como as raias-prego (Dasyatis americana), as raias-ticonha (Rhinopetera bonasus) e os cavalos-marinho (Hippocampus). São esperadas também as reproduções completas dos tubarões-leopardo (Stegostoma fasciatum) e dos tubarões-lixa (Ginglymostoma cirratum).
Margarida, a famosa fêmea da espécie Mangona (Carcharias taurus), poderá escolher entre Donald e Gastão, machos que vieram dos Estados Unidos especialmente para acasalar com ela.
Sistema de Suporte à Vida
Um dos motivos para o sucesso da reprodução em cativeiro no AquaRio é o moderno “Sistema de Suporte à Vida” (SSV), que faz uma simulação fiel do ambiente marinho. O SSV garante a filtragem completa da água, tornando-a cristalina e livre de partículas.
“O ambiente ideal promove o bem-estar dos animais e aumenta a expectativa de vida deles”, reforça Marcelo Szpilman.
Certificações internacionais
Em 2017, o Aquário Marinho do Rio se tornou o primeiro equipamento do país a receber a Certificação em Bem-Estar Animal emitida pela Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil (SZB), em parceria com a Wild Welfare Worldwide, uma das mais respeitadas instituições do mundo no assunto. Este tipo de chancela ajuda a identificar as boas práticas, ao mesmo tempo que dá total tranquilidade aos visitantes e à sociedade de que se trata de um aquário que respeita a vida e o bem-estar dos animais.
Este ano, a atração foi a primeira no mundo a receber a importante certificação internacional “Friend of the Sea”, que atesta produtos e instituições que prezam e trabalham pela sustentabilidade marinha. Durante dois meses, o AquaRio passou por uma rigorosa auditoria e após ter confirmado vários requisitos, recebeu a honraria das mãos de Paolo Bray, fundador e diretor executivo da instituição.
“Ter este tipo de reconhecimento só reforça que é possível ter um bom aquário, com ações voltadas para a conservação marinha, que é o trabalho que fazemos aqui. Este é mais um passo importante que nos ajudará a conscientizar as milhares de pessoas que nos visitam todos os anos”, conclui Szpilman.
Valorização da pesquisa científica
O estudo sobre a reprodução em cativeiro das raias-borboletas junta-se a outras 25 pesquisas do Centro de Pesquisa Científica do AquaRio, que estão em andamento em parceria com as principais universidades do país (UFRJ, UERJ, UFF, USU e UCB). Um desses trabalhos, sobre o uso de probióticos como forma de deter o processo de branqueamento de corais, já foi publicado em revistas renomadas de microbiologia, tornando o Brasil pioneiro nesse estudo. Recentemente, levou o prêmio Out of the Blue Box, concedido pela Fundação Grande Barreira de Corais, da Austrália, na categoria “Escolha Popular”.