POR – DÉBORA SPITZCOVSKY / NEO MONDO
Sim, em pleno século 21 a escravidão ainda faz vítimas. E não são poucas. Segundo a organização Slavery Footprint existem, atualmente, no mundo 27 milhões de escravos – sendo que (pasme!) 18 milhões são crianças.
Repudia a prática? Pois você pode estar financiando-a mesmo sem saber. Reunimos 5 casos de empresas multinacionais que já estiveram envolvidas em denúncias de trabalho escravo. Elas são a prova viva de que a falta de informação é um dos maiores inimigos dos consumidores conscientes.
1. APPLE
Para a fabricação de seus famosos produtos – como iPhones e iPads -, a gigante do setor de tecnologia contrata o serviço de companhias chinesas. Entre elas está a Foxconn Tecnologia, uma das maiores exportadoras do país asiático, famosa por abusar de seus empregados. Jornadas de trabalho exaustivas, emprego de menores de idade e total desrespeito pelas normas de segurança no trabalho, que resultou até em mortes, são apenas alguns dos abusos relatados por reportagem de 2012 do New York Times.
Na época, a empresa se pronunciou dizendo que intensificaria o processo de inspecção e auditoria das fábricas que fazem parte de sua cadeia de suprimentos, mas até hoje o trabalho escravo parece não ser uma preocupação da companhia. Em setembro deste ano, pouco antes do lançamento do iPhone 6, a Apple voltou a aparecer no noticiário, dessa vez em reportagem do Huffington Post, que acusa a empresa de promover uma ‘conspiração salarial’ para não pagar aos funcionários o que eles realmente merecem ganhar.
2. COCA-COLA
Também em 2012, a multinacional Coca-Cola esteve envolvida em caso de trabalho escravo noticiado pelo The Independent, entre outros veículos de comunicação. A empresa importava laranjas para a fabricação do refrigetante Fanta de uma fazenda em Rosarno, na Itália, que trabalhava com mão-de-obra escrava. Os empregados eram imigrantes da África, que atravessavam o oceano rumo à costa europeia para tentar uma vida melhor. Na época, a Coca-Cola quebrou o contrato com a empresa denunciada e não se pronunciou mais sobre o assunto.
3. NIKE
Injusta ou injustamente, a Nike virou sinônimo de trabalho infantil no mundo, após a revista Life divulgar, em 1996, foto de um paquistanês de, apenas, 12 anos de idade costurando uma bola de futebol da multinacional. Em resposta, há anos a empresa faz questão de mostrar aos consumidores seu esforço para oferecer aos empregados bons salários e condições de trabalho dignas.
Mas, segundo a Sweat Team, é tudo conversa para boi dormir. Formada por trabalhadores, consumidores e investidores, a coalização internacional luta para acabar com as práticas de trabalho desumanas patrocinadas pela Nike e continua denunciando, sem descanso, os abusos que acontecem até hoje nas fábricas em que os produtos da multinacional são montados.
4. HERSHEY’S
O chocolate da multinacional ganha um gosto mais amargo quando sabemos de sua relação com o trabalho escravo. Grande parte do cacau usado pela Hershey’s vem da África Ocidental, incluindo a Costa do Marfim, onde – segundo inúmeras denúncias da Unicef e de outros grupos de direitos humanos, como a Internacional Labor Rights Forum – o trabalho escravo infantil é bastante comum. É sabido que crianças são constantemente traficadas de países vizinhos para trabalhar em plantações de cacau da Costa do Marfim, mas a Hershey’s não se pronuncia sobre o assunto.
5. VICTORIA’S SECRET
A marca, famosa mundialmente, costumava ter a garantia de ‘comércio justo’ em sua etiqueta. Até que uma investigação de mais de seis semanas da Bloomberg News, em 2011, provou que os fabricantes de algodão orgânico da Victoria’s Secret não eram tão justos assim. A reportagem contou a história de Clarisse Kambire, uma garota de apenas 13 anos que relatou ter sido tirada da escola e sofrer frequentes abusos para trabalhar de forma escrava na produção de algodão da África Ocidental. Na ocasião, a Victoria’s Secret não fez nada além de tirar a garantia de ‘comércio justo’ de suas etiquetas.