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Por que uma área de impacto?

Escrito por Neo Mondo | 12 de dezembro de 2024

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Imagem: Divulgação

ARTIGO

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Por – Carolina da Costa*, articulista de Neo Mondo

A constituição e gestão de uma área de Impacto é uma forma de governança desafiadora, pois seu modus operandi - quando a intenção é realmente apoiar o negócio de forma assertiva na geração de valor - é identificar alavancas relevantes à execução estratégica da companhia ao mesmo tempo conectadas com a temática de Impacto e que nem sempre são óbvias. Alavancas são oportunidades de fazer mais ou melhor. E demanda trabalho transversal com diferentes áreas da companhia a fim de gerar valor para o negócio.

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A existência de uma área separada está ligada à maturidade do negócio em entender como essa agenda pode gerar valor por meio de projetos voltados ao aumento de eficiência, busca de sinergias, acesso a novas informações que o negócio predominante não acessa e, principalmente, novas formas de investimento orientado a resolver problemas sociais (impacto). É uma agenda que constrói novas direções e amplia visão, promove um olhar para além do curtíssimo prazo.

Impacto significa orientar o negócio para resolver (ou contribuir na solução de) um problema social ou ambiental que afeta diretamente a sociedade na qual o negócio está inserido. O termo gera discussão porque, em tese, se poderia dizer que toda empresa surge para resolver um problema de mercado, portanto, impacto já seria a razão de ser do próprio negócio existir. Essa perspectiva, contudo, pode ser ampliada para aumentar a relevância e valor que o negócio gera para a sociedade. Ir além. Como mostra a figura abaixo, “Impacto” como expansão dessa solução para maiores benefícios sociais e ambientais, aumentando sua potência com maior retorno a médio e longo prazo (considerando, claro, a necessidade de investimentos no curto prazo). Baseia-se em intencionalidade e adicionalidade. É fazer mais e melhor.

imagem do gráfico que remete ao artigo Por que uma área de impacto?

Ampliar o impacto positivo de soluções em gerar externalidades negativas para a própria empresa, sociedade e meio ambiente no longo prazo, pressupõe que utilizemos alguns motores de atuação:

●        “Embedded” (embarcado) no desenvolvimento e melhoria de produtos/serviços: similar ao conceito de embedded finance (finanças embarcadas), que é a integração de serviços ou produtos financeiros na cadeia de valor de uma empresa não financeira a fim de melhorar a experiência do cliente. Uma frente de impacto deve atuar de forma embarcada nas ofertas de produtos e serviços, melhorando UX (User Experience) ou experiência do usuário e agregando funcionalidades. Para tanto, é necessário um domínio adequado da tecnologia (para apoiar design e escalabilidade das soluções) e excelência na coleta e tratamento de dados que possam informar design, UX e inovações.Essa transversalidade exige conhecimento profundo do negócio e conexão com clientes, compreensão de ferramentas tecnológicas necessárias (ainda que não nos caiba necessariamente desenvolvê-las) e um contínuo olhar para identificar tendências e inovações futuras.

●        Sinergia: quais são as oportunidades ainda inexploradas  de ampliar impacto, mas que já estão disponíveis/contratadas na interação com os clientes? Em outras palavras, como podemos maximizar resultados e gerar mais valor dentro do mesmo “custo de servir”? O uso inteligente de dados se faz crucial para identificar padrões e personalizar soluções, entendendo os indivíduos em suas respectivas realidades e comunidades.

●        Filantropia estratégica: uso de recursos filantrópicos (ex. blended finance) para investimentos cujo retorno demanda mais tempo e a necessidade de assistência técnica. Também orientada a gerar/ampliar conhecimento de impacto (ex. parcerias acadêmicas para testar soluções que o negócio possa incorporar futuramente).

O uso de dados também é fundamental para testar de forma isenta os resultados das hipóteses de atuação da área, avaliar se ela agrega valor final acompanhando metas e indicadores e consolidando as informações sobre os clientes para atendê-los de maneira mais efetiva.

*Carolina da Costa é chief impact officer na StoneCo., formada em Administração Pública, com mestrado pela Fundação Getúlio Vargas e Ph.D Cognição pela Rutgers University, nos Estados Unidos.

foto de carolina da costa, autora do artigo Por que uma área de impacto?
Carolina da Costa - Foto: Divulgação

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