Professor e cientista Carlos Nobre, durante o evento – Foto: Divulgação
POR – ROSENILDO FERREIRA, 1 PAPO RETO / NEO MONDO
Quem assiste a uma palestra do cientista Carlos Nobre, um dos mais renomados climatologistas do mundo, sobre aquecimento global e emergência climática experimenta um verdadeiro Carrossel de Emoções. A primeira delas é o pânico. Afinal ele apresenta números que comprovam a iminente saturação do planeta Terra e seu “ponto de não retorno”. Ou de uma forma mais direta: a vida no planeta, como conhecemos hoje, está em vias de extinção se não tomarmos medidas profundas de forma imediata. A segunda é a esperança. Sim. Apesar de todo o quadro de dificuldades representado pela reemergência do negacionismo climático, o professor destaca pontos positivos em diversas frentes e enxerga o Brasil como um potencial líder na agenda ambiental.
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“A COP30 representa uma grande oportunidade para a retomada e aceleração dos acordos voluntários pactuados no Acordo de Paris, em 2015”, destaca. “E caberá ao Brasil liderar essa agenda, sensibilizando os mandatários de outros países a tomarem medidas concretas para que o planeta mantenha em 1,5 ºC a elevação da temperatura do planeta.”
De fato, a COP30, que acontece em Belém, em novembro, vem mobilizando agentes públicos, líderes empresariais e entidades acadêmicas em torno do debate sobre a emergência climática. A fala do cientista Nobre ocorreu em um evento ocorrido na segunda-feira ( 7/4), em São Paulo, promovido pelo escritório Marinello Advogados, especializado em propriedade intelectual e bioeconomia. “Esse debate não interessa apenas aos cientistas e aos governos. Ele tem de ser de toda a sociedade”, diz Luiz Marinello, sócio fundador do Escritório. Ele destacou o uso da palavra “mutirão” na Carta Aberta assinada pelo presidente da COP30, embaixador André Aranha Corrêa do Lago. “Trata-se de um vocábulo originário do tupi-guarani que significa `junção de pessoas voltadas a resolver um problema´, e foi com isso em mente que organizamos este encontro em parceria com o portal Neo Mondo”.
O evento, realizado no formato híbrido (presencial e ao vivo), foi apresentado pela jornalista Angelica Mari e possibilitou uma intensa troca de ideias entre os integrantes da plateia, teve a participação de uma plateia composta por especialistas e interessados na questão ambiental, além de empreendedores, e os palestrantes. Coube à jornalista fazer a ponte entre as diversas dinâmicas, iniciadas com a palestra, que mais pareceu uma Aula Magna!) do climatologista Nobre, seguido pelo talk show reunindo especialistas e autoridades federais, tais como: Camille Bendahan Bemerguy, secretária adjunta de Bioeconomia do Pará, Pedro Ivo Ferraz da Silva, diplomata e coordenador de Ciência e Tecnologia do Itamaraty, e Aryane Martins, gerente de Desenvolvimento Sustentável da ABIHPEC, associação que reúne fabricantes de produtos de higiene e beleza.
A seguir, um destaque da participação de um dos participantes do talk show:
Camille Bendahan Bemerguy: “A bioeconomia precisa ser construída com quem vive a floresta. Nada sobre a Amazônia sem os amazônidas”.
Pedro Ivo Ferraz da Silva: “O multilateralismo é o caminho. O clima exige cooperação, não isolamento”.
Aryane Martins: “Cuidar da pele pode ser também cuidar do planeta — se a gente fizer isso com consciência, justiça e inovação”, pontuou.